Mira é um meio pequeno.
Cheio de "capelinhas". Sei que quando se toca num assunto público
corre-se o risco de melindrar o padrinho, a tia, ou o sogro. É como dar
uma cajadada num vespeiro. A vida para o clientelismo partidário e
compadrio também está mais difícil porque o cerco tem-se apertado às
autarquias, e os "empregos" para a sobrinha e a esposa (não gosto de usar a palavra esposa mas aqui fica bem) estão a ficar cada vez mais
escassos, por isso vejo aqui a malta defender com unhas e dentes o
indefensável (ou a fazerem-se desentendidos, ou que não percebem), quais
lapas agarradas às rochas. É o instinto da sobrevivência, compreendo.
Sei que para essa gente, o mundo seria melhor se o resto da população
fosse constituída por vegetais, ou acéfalos da sociedade, que ficassem
preenchidos com umas minis ao fim de semana, umas palmadinhas nas costas
e umas conversas sobre se o Ruben Micael deveria ser convocado ou não.
Que não questionassem nada nunca, ou pusessem algo em causa, enquanto
mastigam a sandes de porco no espeto. Que, mesmo tendo algum grau de
pensamento, fossem todos subservientes por terem um rabo de palha. Há
mesmo quem prefira "não tocar naquele assunto, porque depois na rua, vão-me
marginalizar, ou podem despedir a minha irmã ". Há até, quem faça claque
como que a tomar partido deste ou daquele, a ver se daqui a 1 ano ou 2,
também lhe caia alguma coisa da manjedoura autárquica.
No
entanto, como completamente independente profissional, economica,
intelectual e politicamente, e sou do trabalho, pelo trabalho, para o
trabalho, por uma sociedade mais transparente, sem tabus nas causas
públicas, assente na meritocracia e numa maior igualdade de
oportunidades, continuarei na luta pela Educação para a Cidadania, para
minimizar a iliteracia política da nossa população, para termos gente
mais esclarecida, mais informada, com maior consciência cívica, mais
exigente, assertiva, estando a par dos seus direitos e deveres, mais
responsáveis, interventivos, activos, preocupados e esclarecidos
civicamente para promover a coesão social, diminuindo a quantidade dos
socialmente excluídos. Reduzindo a discrepância entre os "menistros" que
se dirigem às outras pessoas como se estivessem em cima duma cadeira,
enquanto o resto do povo que não é burguês lhe é vedado o acesso a
cargos e estatutos sociais não alcançados de forma meritocrática.
Sei que muitos seriam mais felizes se nos contentássemos a ouvir uns
foleiros poemas gandarezes e a promover eventos associativos que mais
não são do que pretextos para beber uma grade de cerveja.
Sei que cada pedra que se atira no charco, atinge um crocodilo ou um sapo. Mas a água tem que ser agitada.
Portanto, há que aguentar, firme e hirto! Duros. Por uma sociedade mais equitativa.
Sempre com elevação (à excepção da expressão "atrasado mental"), sempre com argumentos. Respeitando argumentos.
Sem comentários:
Enviar um comentário