Freeport

Quando se tem um amigo que nunca paga nada a ninguém, que anda sempre à boleia e nunca ajuda com ramo de tostão, para não lhe chamar directamente chulo, nós referimo-nos a ele delicada e carinhosamente como Júlio. Há quem diga que por vezes a realidade supera a ficção e este é um dos casos. Que melhor nome poderia ter o tio do Sócrates envolvido no Freeport do que Ti Júlio? Nem nos filmes. Já tudo se falou sobre o assunto, não há muito acrescentar até porque não tenho estado super atento, nem sou jurista. O caso remonta ao tempo em que o senhor José era ministro do ambiente do Guterres (bons tempos em que a co-inceneradora foi mandada para Souselas, ao lado de Coimbra). Os políticos são pessoas mais polivalentes do que o Rojas que actuava no Benfica e que jogava mal em todas as posições. Ora percebem de ambiente como percebem de economia. Assim como a Ferreira Leite percebe de Finanças (apertar o cinto) como de Educação (geração rasca). Sabem fazer tudo. Em Portugal toda a gente sabe fazer de tudo. É como um palhaço, que é um faz-tudo. Não sei se o homem recebeu luvas, se favoreceu, se meteu cunhas, se isto é uma cabala ou uma campanha negra para ele perder as eleições. O que sei é que uma vez, estava eu num salão para cortar o cabelo (agora já comprei máquina nos chineses, auto-corto) li numa revista cor de rosa que o Sócrates tinha comprado uma casa por 200 mil contos. Na minha cabeça fiquei logo com a idéia que não batia certo. São estas mudanças repentinas de vida a que Medina Carreira se refere e que não são investigadas. Como é possível ganhar no máximo 3 mil contos por mês e ter 200 mil contos? É algum Cristiano Reinaldo? Ah grandes ingleses que pediram para investigar as contas bancárias do homem. São cabalas, mas foram os ingleses que descobriram irregularidades. A idéia é esta: se o Sócrates está 100% inocente, demitia-se limpava a imagem e ganhava as eleições com uma cabazada (apesar de neste momento ser prejudicial para o país uma dissolução do parlamento). Se está 100% culpado, demitia-se porque estava enterradíssimo e era impossível continuar. Conclusão : está só meio envolvido, fez só uns favores à famíla, não prejudicou assim tanto as pessoas, fez só um bocadinho de caca, também não é motivo para demissões. Dá para estar e andar na mesma. É inverno e não cheira assim tão mal. Não sejam tão rigorosos, deixem o homem.