sábado, 31 de julho de 2010

Festa do Seixo


Cartaz retirado de http://www.seixo.net/site/

Fripór


Sócrates não quer ouvir falar mais do caso. É inocente. Nem sequer era testemunha. Parem de tentar denegrir a imagem do homem. Ferreira Fernandes, um excelente cronista e jornalista escreveu no outro dia no DN que o que interessava era se Sócrates teria recebido dinheiro de luvas para deixar construir o Freeport naquela zona protegida. Nem sequer é tido e achado no caso. Inocente. Facto.

Não sei se Ferreira Fernandes estava a ser irónico mas vejamos: Cândida Almeida não inspira confiança. Nota-se pelo estilo, pela maneira de estar, pelo nervosismo que demonstra com casos semelhantes que envolvem políticos. Além disso é subordinada de Pinto Monteiro, um homem que entrou como PGR à leão, mas agora não passa dum rapazinho que lá foi posto pelo PS.
Concluiu-se que Smith e Pedro tentaram fazer extorsão, mas apenas para o benefício deles. Estranho. Pediram o dinheiro para corromper mas não corromperam ninguém. Mas foi provado que houve extorsão. Não se sabe a mando de quem. Também não interessa.

Assim como não se sabe do paradeiro de 7,1 milhões de euros que andaram a voar dum lado para o outro, pelas contas bancárias dos suspeitos.
Diz-se que é complexo de mais para se investigar. Então não vale a pena. Fazem bem, as investigações são uma despesa paga pelos cidadãos que depois não dão em nada.

Depois há os desfazamentos nas contas bancárias. Nada de estranho, o que interessa é dizer que Pedro e Smith ficaram com o dinheiro (ainda que não tenha sido na totalidade), quem ficou com o resto?

Depois há o ridículo: de entre as 25 contas bancárias investigadas, nenhuma era a de Sócrates.
Mas pode-se gabar de estar limpo. Mesmo sem se procurar debaixo do tapete.
Lérias tinha a minha avó!
Pode-se gabar que está limpo, mas há povo português que não anda com a boca aberta.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Trivialidades


Velhice – Apercebemo-nos do passar da idade quando um insolente pêlo do nariz teima em vir cá para fora, molestando, até levar uma tesourada. O mesmo se passa quando as sobrancelhas começam a ficar penteadas, apenas se levarem uma boa dose de gel. Começam a ficar farfalhudas.

Mira é gira- São 15 horas. Estão 38 graus em Coimbra. 35 graus em Cantanhede. No Seixo só(!)estão 32. Quando se estaciona o carro na Praia do Seixo e se verifica que já só estão 27 graus e ainda são 16 horas, percebe-se que o clima de Mira é bom. Vale a pena lá viver.

Alunos de Direito – Admiro a generalidade deles. É dos cursos que mais cultura geral exige, mais horas de leitura necessita. Mas há um requisito fundamental que necessitam: uma boa fluidez verbal, ou seja uma boa oralidade. Dificilmente podem escapar durante o curso a vários exames orais… Desgastantes.

SCUTS – Uma das trapalhadas do ano e o espelho do país. Era pagar em Julho. Não foi. E em Agosto? Também não. A sorte de mira é que a falida Estradas de Portugal pôs a 109 finalmente na ordem. Mas é para derreter rápido quando se deixar de usar a A17.

SCUTS 2 – É para se pagar mas não é para se criar postos de trabalho nas portagens. Tudo mecânico. Como manda a lei. São 700 milhões de euros por anos que elas custam. Dizem que seriam necessários 400 milhões para construir pórticos para colocar lá pessoas a cobrar portagens. Não há tempo para um investimento desses. É necessário dinheiro já.

SCUTS 3 – Tem que ser já porque em Portugal não há governação a longo prazo. Vejam-se as propinas das Universidades. Há 10 anos eram 60 contos. Agora são 200 contos. Se nos anos 90 cobrassem uma quantia plausível, e bem administrada, hoje não seria necessário cobrar uma quantia tão desadequada. Com as portagens é o mesmo. Ou se vai de Mira a Aveiro por zero cêntimos, ou se vai por quase 3 euros. E cobrar logo de início 50 cêntimos? Não teria dado mais jeito?

É obra – 27 graus em Coimbra às 6h da manhã quando supostamente se costuma registar a temperatura mínima do dia, não é para todas as épocas do ano.

Incêndios – Quem já não tinha saudades daqueles incêndios que deflagram às 2h da manhã? Supõe-se que seja a luz da Lua a reflectir num vidro convexo que pegou fogo a uma folha de eucalipto.

Trivialidades


PSD – Afinal a alteração da constituição não tem apenas a ver com os poderes do presidente. Se a proposta será bem aceite ou não pelo povo, irá depender da maneira como Passos Coelho irá passar a mensagem, mas também dependerá de como os meios de comunicação social tratarão a matéria. Para já, não tem sido muito favorável aos laranjas de direita.

PSD 2 – É que esta proposta de alteração e a imprensa, só tem favorecido Sócrates que até parece um esquerdista puro, o paladino e defensor do Estado Social.

SNS – Que tem coisas boas, Portugal é um dos países com menor taxa de mortalidade infantil. Anos e anos de um bom trabalho do Serviço Nacional de Saúde.

SNS 2 – Parece que o PSD acha que se os ricos não frequentam a saúde pública (como têm dinheiro vão aos privados), então não devem contribuir com impostos para a causa. Parou, parou, parou. Oh PSD, eu nunca ando de avião, será que também posso deixar de pagar impostos para a causa TAP? Já agora, nunca usei a Via do Infante no Algarve, também quero deixar de contribuir para essa causa.

Cavaco Silva – Quando o vejo a passear-se com Isaltino Morais (um criminoso), mas não é capaz de abdicar das últimas horas de férias com os netinhos para ir ao funeral de um Prémio Nobel da Literatura, percebe-se o seu grau de seriedade e de lucidez nesta fase da sua vida. Carcaça ambulante.

Rei dos Gnomos - Quando é um Casapiano ilustre ou um Banqueiro ladrão, a capa do jornal traz sempre o "alegadamente terá feito". Como é Ghob é um pobre coitado, o jornal diz que fez, e retira o alegadamente. Diferenças de tratamento ao nível dum salazarismo que tanto condenam. Poucas coisas estão diferentes, e para pior.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Festas de São Tomé


Antigos - Gosto das festas de São Tomé, são uma ocasião para encontrar pessoas que não vejo há muito. No dia do feriado da vila encontrei um ex-colega do Secundário. Por acaso até já trabalhei para o pai dele. Licenciou-se em Geologia, mas não é doutor. Pelo menos a Voz de Mira não eleva a sua condição de geólogo a doutor. E licenciado dos bons, daqueles pré-Bolonha. Ainda não trabalha exactamente no ramo, mas trabalha. Não lhe perguntei mas depreendo que não tenha o cartão com a cor certa. Receio mesmo que não tenha cartão. Continua igual, sorridente, humilde e inteligente. E vai casar. Felicidades. A vida não é só mamar.

Cheiro – De vez em quando sopra uma aragem a modos que esquisita. Daquelas que trazem mau cheiro. Já o ano passado me pareceu que era assim. Não duvido que venha daquelas grelhas que se encontram no chão do local da festa.

Gente – Muita gente apesar da concorrência da Expofacic em Cantanhede. A demonstrar que Mira vale por si. Ainda assim dá que pensar: o que faz na vida tanta gente da população activa às 3h da manhã? Será que está tudo de férias? Trabalham todos por turno? Estão todos de baixa? Estão todos de folga? Serão todos estudantes? Está bem, pode ser a combinação de todas essas condições.

Gente 2 – Mira tem crescido. Já não conheço toda a gente de vista. E até é bom sinal. Não fosse o facto de ver tantos e tantos com ar de mitra, de rufia. Ou será que eu já não me lembrava que sempre foi assim? Agora até pareço um chauvinista sectarista. Na realidade não sou, quero evitar julgar pelo aspecto... Mas estamos em Mira.

Empresa 365 de segurança – E vim encontrar esta empresa em Mira. Tenho de acreditar que de entre 100 funcionários, apenas uma dezena sejam maçãs podres.

Fogo de artifício – É dinheiro deitado ao ar, mas que posso dizer? É uma questão cultural. Em todo país é assim. E faz andar para a frente o sector da pirotecnia. É disto que o meu povo gosta. E de preferência bem debaixo do acontecimento, para levar com os resquícios de pólvora na cabeça.

JS – Acho que não me fiz entender. Eu respeito-os, obviamente. A minha melhor amiga, é da minha idade e foi ao congresso dos JOTA S em Lisboa. Ela que até já foi do PSD. Mas ela já trabalhou onde trabalho, sempre trabalhou na vinicultura, sempre lutou enquanto se licenciou em História de Arte em Coimbra. Se ela for política (quando for grande), não será uma politiqueira artificial. Ela sabe o que é a vida. Tomara a muitos jotinhas serem assim.
Não precisam de andar de trombas, o prestígio que lhes nego é-lhes assegurado pela clientela partidária.

Também há qualidade –Mas também há os que não a tem. E conheço-os da escola e não só. Muitos pavoneiam-se atrás dos balcões da festa. São a antítese da meritocracia.

Cerveja – Foi pena não ser da marca que eu gosto. Para o fim já se bebia quente. A 1 euro. Mas é por uma boa causa, afinal é a festa de São Tomé. Ainda assim, ao outro dia dá que pensar, fino Super Bock a 1 euro e quente, no século 21? Uma regressão. Paguei todos os que bebi.
Receio que não seja algo muito comum em Portugal, nem naquele balcão.

Trânsito – Nunca ninguém se queixou de encerrarem a avenida principal de Mira por uns dias? O que nos vale é a nova 109 (aguenta Estradas de Portugal) e a variante. E Já agora, o Troço da Couve.

GNR – Em Mira ainda os há barrigudos. Estou em crer que estão em vias de extinção.

TV5 – Já não via um baile há muitos e não desgostei do espectáculo dos TV5. Com pelo menos dois elementos de Mira, deram show até às 4 horas da manhã. Pode-se dizer que abrilhantaram a festa.

Tasquinhas – Só fui um dia à festa e acabei por não jantar lá. Tinha bacalhau em casa, do bom e em família e com certeza que não iria ter a mesma receptividade na barraca do Seixo do que a receptividade que tive há um mês em qualquer uma das barracas das freguesias do concelho da Figueira da Foz numa festa que lá houve. É uma questão cultural e de segregação. De desigualdade de tratamento. Já assisti a isso e ainda por cima não têm as amêijoas de Vila Verde, nem a orelha de porco ensalsada de Buarcos. E a bons preços. A solidariedade não é tudo na qualidade dum povo.

Tudo o que está


Educação – Só através dela é que se poderá elevar o criticismo (bom ou mau) da sociedade civil em relação aos partidos políticos. Em Portugal o grau de exigência encontra-se a anos-luz daquilo que é necessário para uma sociedade mais próspera, mais igualitária.

Dependência – Mas a questão não é apenas educativa, é que enquanto 6 milhões de pessoas continuarem a viver atreladas ao Estado, não é possível uma independência pura em relação às tomadas de posição do partido governante que afectam (positivamente e negativamente) o povo. E o grau de exigência continuará residual, para mal dos nossos pecados.

Nuno Crato – Tornou-se há dias presidente da TagusPark. Esperemos que não seja uma medida para amansar a boca deste presidente da sociedade portuguesa de matemática que nunca se cansa de tentar iluminar o caminho do ministério da Educação. Mas este ministério não lhe liga patavina. Foge do rigor como o diabo foge da cruz. Durante o Estado Novo, aos ilustres contestatários, eram-lhes oferecidos cargos administrativos de relevo, e eles acabavam por fechar a matraca. Fascismo nunca mais…. Volta!

Educação2 – Quando se descobriu empiricamente que um povo mais educado não significa um país mais desenvolvido e que um país mais desenvolvido não implicava necessariamente um povo mais educado foi como que um bálsamo para aqueles que puseram a andar o ministro da educação de Marcelo Caetano, o pró-educação Veiga Simão.

Matacão em Mira


Nunca mais fui à feira dos 23 em Mira. Aquilo ainda trata de alguma coisa? No meu tempo ainda dava para sair da escola secundária de Mira a meio da manhã e beber um traçadinho à feira. Reconheço que não era uma prática muito pedógica, mas na altura não era possível proibir bebidas a maiores de 16 anos. Mas era possível sair da escola. E agora, como será?
Reparei que nessa área destinada à feira dos 23 está lá um matacão construído a ermo. Aquilo trata de quê? Parece que era para servir de banca para os vendedores de peixe, depois era para ser um estabelecimento de educação pré-primária. E agora, serve para quê? Para sala de chuto? Andei eu a pagar para aquilo. Eu e toda a gente que paga 21% de IVA. Um caso mirense tão ridículo que apenas encontra comparação na câmara de Arouca que pagou uma escultura por mil contos e agora não a quer colocar no sítio inicialmente previsto. Por enquanto fica estacionada na casa do escultor… A ver o que dá!

Educação e Formação de Adultos


A Educação e Formação de Adultos acontece quando uma sujeita na casa dos 50 anos com o 6º ano de escolaridade que não teve possibilidades de progredir no sistema educativo enquanto era jovem, decide estudar de noite e através do ensino recorrente alcançar conhecimentos que lhe permitiram concluir o 12º ano de escolaridade. Mas a Educação e Formação de Adultos não pára por aí. Quando essa sujeita se decide submeter ao escrutínio de um exame nacional de História e consegue a digna nota de 12 valores, essa adulta está de parabéns. É que toda a gente sabe que estar aberto a novas aprendizagens quando já não se tem 16 anos e já não se tem todo o tempo do mundo, é uma tarefa árdua e dura. Eu chamo-lhe um processo de meritocracia. Está aqui a prova de que outras ofertas educativas que não o ensino normal (para os miúdos) são tão válidas como a considerada principal via de ensino. Fica ao critério de cada um, reflectir se os exames nacionais actuais são tão exigentes como se desejariam. Quando esse adulto é um parente próximo do seixomirense, um sabor especial fica. Oxalá toda a população activa e adulta fosse assim.

Dedicado a todos os atrasados mentais que ainda perguntam: “Aquele fulano (um adulto), está a estudar de noite para quê?”

Conversas de café


Empregado de mesa – Boa noite, Mariana. Olha, agora também temos camarão cozido. Trezentas gramas de camarão são 3.50 euros. É um bom preço não achas?

Cliente, colega de estágio e mestre em estudos portugueses (Mariana) – O que é que disseste?

Empregado de mesa – Trezentas gramas de camarão são…

Mariana – Não são trezentas gramas. São trezentos gramas.

Empregado de mesa – Ah, eu acho que tinha ideia disso, mas realmente uso sempre grama no feminino.

(E pronto, não chegou a vender o camarão capturado no Perú e cozido em Espanha. Bom camarão por sinal. Nem sequer pôde argumentar que no outro dia pediu 300 gramas de camarão na esplanada da cervejaria Johnny Ringo na Figueira da Foz e que lhe custou 9 euros. E só eram 11 camarões. Mas um pouco maiores que os do Perú. Tudo isto enquanto os nosso barcos abandonam a pesca do marisco nas águas da Zona Exclusiva Económica da Guiné-Bissau, perante a passividade do governo português. Mas nunca mais se esquece: é um grama e não uma grama. E mais tarde confirmou numa notícia do jornal Record que dizia que Paris Hilton tinha sido apanhada com um grama de marijuana num país qualquer. São aprendizagens significativas. Quem sabe se não estão dentro da teoria Transformative Learning de Mezirow?)