quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sair à noite




Isto é um texto que saíu no Jornal A Cabra. É sobre sair à noite. No post seguinte faço o exercício do contraditório, mas gostei da visão deste camarada.
"Os universitários são os reis da festa, não é? Divertem-se como ninguém. Dormem de dia e alimentam-se da noite. É isto que se ouve por aí aos pontapés. Mas sabem o que vos digo? Tretas. Na realidade todas estas frases feitas foram criadas para encobrir um dos maiores mitos da humanidade. Eu como já estou licenciado, e tanto se me dá como se me deu, vou seguir o exemplo daquele senhor da máscara e revelar uns dos segredos mais bem guardados de Coimbra. Preparados?

Pois aqui vai: sair à noite é uma chatice. 9 em cada 10 saídas nocturnas são um aborrecimento. No entanto, os estudantes continuam a sair. E porquê? Porque isto de sair à noite é como começar a jogar no Euromilhões. E se os meus números saem esta semana? Ou seja: E se acontece algo interessante esta noite? E se é desta que consigo engatar uma moça? Sim, porque não falha. Se um dia tens o azar de ceder à tentação de não sair, podes começar a preparar-te para ouvir os teus amigos no dia seguinte a dizer que acabaram a noite a dançar com três erasmus nas casas de banho do NL. E tu com aquela cara de quem passou a noite a ver o programa do Malato.

Mas o Euromilhões nunca sai e o que realmente acontece todas as noites é o seguinte:
São nove da noite. Estás em casa a jogar Mafia Wars no Facebook quando recebes um sms de uns amigos que querem ir jantar às amarelas. Como não tens nada para fazer dizes que sim. Acaba o jantar e vais tomar um café ao Tropical. Mas sentas-te lá fora. Mesmo que esteja um frio de rachar. É uma questão social. O tempo passa, a conversa esgota-se e ninguém sabe muito bem o que dizer. Começas a sentir-te desconfortável. Felizmente, de vez em quando passam por ti umas pessoas que conheces de vista. Como os teus amigos não os conhecem é uma boa altura de passares a imagem de “gajo popular”.

É meia-noite. Voltas às amarelas (cantinas que estão abertas à noite) com os teus amigos para beber uns finos. Estás duas horas lá dentro, com mais do que tempo para decidir onde vais a seguir. Mas não. Esperas que aquilo feche e decides na rua. Ao frio. Depois de muita indecisão lá acabas por ir para o Bar da AAC que, como sempre, está a abarrotar.

Tentas então chegar ao balcão para pedir um fino. Só que, como sempre, esqueceste-te que às 3 da manhã o Bar da AAC tem uma capacidade de locomoção própria. Como as marés. Começas então a pensar no bem que se estava na tua cama. Eventualmente acabas por chegar ao balcão. Depois de uma quantidade de finos razoáveis começas a pensar que é esta noite que vais arranjar companhia feminina. Falas com os teus amigos e começas então a busca. Mas nunca consegues. Quando dás por ti são 8 da manhã e estás sozinho num sítio cheio de gente suada, bebida e fumada. Como tu. Gente sem sorte que tem vergonha de o admitir. Mas felizmente estás demasiado bêbado para pensar nisso.

E vais para casa."

1 comentário:

cris disse...

bom post!