domingo, 21 de dezembro de 2008

Vukcevic, o lutador


Se há alguém actualmente que me agarre uns minutos a ver a 1ª Liga Portuguesa, esse alguém é Vukcevic do Sporting. Claro que há outros que justificam um bilhete no futebol ou 1h30m agarrado à tv,o Suazo, Reyes, Lisandro, Liedson, Lucho, etc, mas não são muitos. Nasceu à quase 23 anos numa cidade da ex-Jugoslávia, hoje capital do Montenegro, e com as contingências de um país dividido a vida não deve ter sido fácil. Foi cedo para o frio da Rússia onde a experiência não lhe terá corrido bem (até o Raul do Real Madrid foi rejeitado no vizinho Atlético). Tem uma confiança inabalável. Porque sabe que é melhor, não precisa de lamber as botas ao treinador, de ir jantar a casa dele, de o cumprimentar mil e uma vez, basta uns pequenos minutos em campo para o vulgar adepto se render à evidência que é melhor e pronto. Não é um super craque, mas para esta liga amorfa, enfadonha, tem para dar e vender alma, atitude, amor pela equipa, vontade de agradar a quem paga bilhete. Não pede a quem assobia para ficar em casa, em vez disso quando entra, cerra os dentes e luta, corre em busca daquilo que o adepto que está a passar frio na bancada quer ver : vontade, dedicação, irredutibilidade, abnegação, qualidade, classe. Porque não é português de brandos costumes, fala pouco, mas pensa pela sua cabeça, não pactua com grupinhos, nem lobbys. Enquanto o Stojkovic não joga porque "carregou a mobília" (deu-lhe uma malha) ao Pedro Barbosa no início da época, a razão deste não jogar é porque não se rende, não se acomoda, luta até ao fim. Deu vontade de rir, quando marcou no outro dia, ver os colegas falsamente a abraçarem-no, os mesmos que o querem ver pelas costas, aqueles que se sentem ameaçados pela sua superioridade, que nunca se preocuparam com ele. Faz lembrar o típico jogador da distrital que só treina 1 vez por semana, mas ao Domingo ainda consegue ser melhor (em classe, luta, motivação, resistência) do que aquele que treinou 3 vezes e dorme com o treinador. Mau carácter? O pessoal da zona dos balcãs não são iguais a nós, têm uma maneira de estar diferente, e um treinador é bom se for um gestor de recursos, um mobilizador de pessoas, um rentabilizador de recursos humanos. O treinador tem qualidade quando consegue melhorar os jogadores, não pode ser um pseudo disciplinador que se incompatibiliza com jogadores. O futuro deste miúdo irá passar por outro sítio em que lhe reconheçam o valor além de serem só os adeptos, em que irá sentir o prazer de ser um "ajudador" genuíno de equipas.
Já agora digam aos comentadores da bola que dizem que "quando a bola bate na relva molhada, ganha velocidade", isso é impossível, há sempre atrito, pode acontecer é que ao bater no molhado perca menos velocidade do que no terreno seco.

Sem comentários: