«"Estar
desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser
despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma
oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha,
uma mobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho
Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito
próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por
o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos
outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil.
Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre
endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis.
Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que
receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca
perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo:
privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a
felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a
infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.
Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho
sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a
prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições.
Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala
com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca
conheceram outra coisa que não fosse o "risco".
Sobre a caracterização que Passos Coelho fez, na sua
intervenção, dos portugueses, que não merecia, pela sua indigência, um
segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de um café,
escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda
consigo sentir: como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?»
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