Queres trabalhar?

No outro dia uma amiga minha de Serviço Social (não, não é doutora, é assistente social) que estagiou no Centro de Emprego de Coimbra informou-me que havia concurso externo de pessoal da área das Ciências para uma vaga na Câmara de Mira. Agradeci pela dica, disse que de momento não podia e até informei um colega/cliente dessa oportunidade. Apareceu depois mais um colega/cliente meu a perguntar onde era Mira e que tinha visto que havia concurso público. Ele é do Oliveira do Hospital e disse-lhe que Mira é uma vila bonita e agradável e que seria bom se ficasse por lá! Apareceram outros a perguntar mas disse à malta para não terem muitas esperanças. Um ficou logo de fora porque ainda não tinha o diploma da licenciatura (a Universidade de Coimbra demora muito a emiti-los, burocracias). Outros foram à entrevista. Resultado contou-me um colega de curso mais tarde: ficou uma pessoa que já lá estava a trabalhar. Conclusão: há concursos públicos que só servem para as pessoas que já lá estão entrarem nos quadros. Depois se ganhar o Maduro, assim já não o podem tirar de lá. E os critérios de admissão? Quais são? Parece que há o critério legal em que tem primazia para entrada no cargo alguém que já conheça a realidade do Município. Até aceito, mas tenham paciência, digam isso por exemplo a uma licenciada que já trabalhou em funções similares e possuidora de experiência e que veio do Algarve de proposito à entrevista com a ilusão de conseguir o lugar, e que esteve horas à espera de ser atendida. Meritocracia? Duvido. Vassalagem a correligionários? Talvez. Também conheço o caso de alguém que trabalhou 3 Verões seguidos no Parque de Campismo de Mira e que da 4ª vez perdeu para outra pessoa na entrevista (pudera são alguns 450 contos em 3 meses, não é tacho para qualquer um meter os queixos) com pontuações mafiosas de A a Z! E os critérios pediu-os? Sim, mas o Presidente nunca está e o Vereador Não Sei Das Quantas agora não pode, está numa reunião. Eu já lhe disse : arranja o cartãozinho!

Mais uma vez tenham paciência e avisem as pessoas que vêm de longe ingenuamente com esperanças (desempregadas, mas com qualidade e experiência de trabalho), quando não têm hipóteses nas entrevistas. É que as viagens são longas, caras e a sensação de injustiça é desgastante. Mas há um elogio, ao menos publicitam estes concursos no Diário da República (são obrigados por lei) que ninguém lê e em quadraditos pequenos por exemplo do DN ou JN (também são obrigados) a ver se passam despercebidos e se não aparece ninguém na pseudo entrevista.