quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dinheiro público, ensino privado

A questão é delicada. Bem ao lado do Seixo, o colégio de Calvão (lá está, não se chama escola) reclama para não lhe cortarem as verbas este ano.
O que joga a favor das escola privadas?

Aceita-se, regra geral conseguem bons resultados, trabalham bem os seus alunos. Costumam ter boas infraestruturas. Tinham um orçamento para este ano lectivo e o estado foi traiçoeiro, covarde. O presente ano lectivo foi planeado de acordo com a anterior legislação, mas a partir deste mês de Janeiro, e até Setembro, as escolas vão ter de governar-se, no máximo, com 90 000€ por turma. Antes governavam-se com 114 000€.
Há quem diga que o estado gasta mais por aluno da escola pública do que por aluno da privada (?!).
Apesar de terem alguma autonomia, os programas curriculares são os mesmos das escolas públicas, logo a uniformização do ensino está assegurada. Reconhece-se que as escolas privadas colmatam a ausência das públicas em certas áreas geográficas. Não são apenas frequentadas por classes mais favorecidas.


O que joga contra a luta das privadas? Coisa pouca.

Têm boas infraestruturas? À conta de quem? Muitas vezes do estado. Já o colégio de Calvão tinha piscina, ainda os miúdos da escola de Mira apenas sonhavam ter aulas de educação física com água, se chovesse.
O estado não deve contribuir com dinheiro dos contribuintes para as piscinas, o golfe e a equitação de alguns colégios privados. Quem quiser que os filhos tenham essas mordomias, que as paguem. Não podem os pais das escolas públicas a pagar impostos para os meninos de bem andarem a cavalo à borla. É caso para ir mais fundo e apurar o destino que é dado em alguns desses colégios aos dinheiros públicos. Pode ser boa altura para saber se todas as verbas destinadas aos professores chegarão ao seu destino ou se, em certos casos, o povo não andará a financiar, afrontando a Constituição, um ensino abusivamente selectivo e confessional, onde os professores têm, de novo só por exemplo, que "participar na oração da manhã na Capela". As escolas públicas também apresentam bons resultados escolares, com o grau de dificuldade maior de que não podem "escolher" os alunos que as frequentam. Não é tão claro assim que a escola pública saia mais cara.
Será legal os contribuintes financiarem a evangelização de uma confissão religiosa sob a capa do "ensino público", apesar de a Constituição determinar que "o ensino público não será confessional" (artº 43º, nº 3)?
A colocação de professores é um tema sensível. Querem dinheiros públicos, mas querem ser eles a colocar o amigo do pai do cunhado do tio a dar aulas. Concursos públicos são miragens. Querem compadrio, paguem-no. Já não chegam os lares de idosos financiados pelo estado onde só trabalha o afilhado do tio do irmão?


O estado só deveria financiar escolas privadas (com todo o gosto) se se provar que estas se encontram em áreas geográficas em que a oferta educativa estatal não cobre as necessidades duma determinada população. (É verificar se por exemplo o colégio de Calvão se encontra nesta situação).
Quem construiu escolas privadas nas proximidades de escolas públicas que tenha paciência. Quem quiser pôr o filho a estudar numa privada mesmo tendo uma pública por perto, que pague.
Mais uma vez devo recordar: não se pode permitir que dinheiros públicos financiem lucros privados.
Ou as escolas privadas andam aí por amor à causa, sem fins lucrativos?

Mas onde já se viu a escola de Mira demorar anos e anos a melhorar as infraestruturas, e o colégio de Calvão a fazer pavilhões como se fossem cogumelos a crescer nos pinhais?
Com o meu dinheiro não, obrigado.
Antes de pensar que todos os pais têm o direito a escolher a educação que quiserem dar aos seus filhos, vamos pensar na igualdade de oportunidades.

Mas onde é que já se viu meninos ricos a frequentarem colégios privados chiques de borla, à custa do pobre que ganha o salário mínimo e que só pode colocar o miúdo na escola da Pampilhosa da Serra (pior escola pública num ranking aqui há uns anos)?

2 comentários:

Anónimo disse...

Li o artigo com atenção, e penso que deverias tomar mais conhecimento sobre a questão e teceres os teus cometários depois:
- sabes que 1 aluno do colégio de Calvão custa ao estado menos 1.000€ por ano lectivo?
- sabes que além desta diferença nós contribuintes também pagamos os encargos com os funcionarios das escolas publicas, bem como as despesas correntes, de manutenção, etc?
- conheces alguma empresa de gestão publica (estatal) que obtenha bons resultados?
- A piscina,as obras de ampliação realizadas no colégio de Calvão, não foram á custa do erário público? devias verificar e só mas só depois escreveres

Abraço

Anónimo disse...

As piscinas de calvao sao um buraco finaceiro sem fundo. Estiveram N tempo a funcionar ilegalmente, quase foi preciso morrer la alguem para se mexerem...
Aquilo e um viveiro de cunhas