quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A cabala na Praça da República de Coimbra?

«A política tem, afinal, um inesperado prestígio. Não fosse assim e não se veria tanto condenado, acusado ou meramente suspeito tentando passar por vítima de uma "cabala política".
Desde que Fátima Felgueiras, acusada de umas trafulhices e fugida no Brasil, de si mesma disse ser uma "exilada política", a "cabala política", a simples "cabala" ou, como um dos envolvidos no caso "Noite branca" do Porto, a "cavala", tornou-se a justificação da moda (comparar-se a Cristo também está a dar) para quem tem a Justiça à perna. E, pelos vistos, os misteriosos cabalistas políticos que por aí andam (imagino-os de óculos escuros, gabardina e um exemplar do "Zohar" e outro de "O Príncipe" debaixo do braço) não têm tido descanso e, da política propriamente dita (Pedroso, Ferro Rodrigues), já alargaram o seu deletério campo de acção à TV (Carlos Cruz) e, agora, ao pontapé na bola, com Carlos Queiroz a explicar o seu afastamento da selecção como tendo sido (adivinhe-se) uma "cabala política".
Café Académico, mas não café X.
A coisa tem antecedentes ilustres. Nos idos de 69, em plena crise académica, andava a PIDE à solta por Coimbra prendendo estudantes, e o famosíssimo "proprietário do café-restaurante-bar X, sito na Praça da República, sem sócios" foi julgado julgo que por atentado ao pudor. Regressado atrás do balcão, à curiosidade da clientela ("Então o que aconteceu, sr. F?") respondia suspirando fundo: "Política, sr. dr. ..."»
 Por Manuel António Pina no JN.

O que interessa para aqui nem são tanto as Cavalas nem Cabalas (as que vêm do mar, grelhadas com pimentos são melhores) mas sim, saber de que é que trata o Café incógnito na Praça da República de Coimbra em 1969. Poderá ser o já extinto Café Moçambique. Estamos em processo de investigação.

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