terça-feira, 21 de abril de 2009

A chave do Salão Seixo


Num post atrás já tinha explicado mais ou menos a recambolesca história da troca de terrenos para se fazer o Salão Paroquial da Juventude no Seixo. Ou seja, a história do nascimento daquele monumento arquitectónico (cada um entenda como quiser) numa estrada secundária da aldeia. Ainda não percebi tal como muita gente, de quem é o Salão! É da paróquia? É da Junta de Freguesia? É da Fábrica da Igreja? É do Padre Real? É de 3 famílias do Seixo? É da ACR Seixo? E uma coisa que me intriga desde miúdo (muita gente das Cabeças Verdes já deixou de se ralar com isso) é a origem deontológica da definição dos critérios para se atribuir a chave do Salão a determinadas pessoas (famílias). Mas lá está, teria que se voltar à raíz da questão sobre quem é o proprietário do edifício. E mesmo depois de se saber quem é o proprietário, seria pertinente questionar o porque de fulano ter a chave, e um camarada marginalizado das Cabeças Verdes não a ter. Sim, marginalizado, não no sentido de criminalidade, mas no sentido de pôr de parte, de excluir socialmente, de fraca coesão social. O Seixo pode regorjizar-se de ter um grande espírito de solidariedade, que existe, mas muitas vezes de fachada, porque internamente tem lacunas, segregações e segmentações de grupos baseadas em referenciais de índole sócio-económicas e pior ainda, baseadas em árvores genealógicas. Por isso é que certas pessoas das Cabeças Verdes e de outros cantinhos do Seixo que não a fauna que habita e prolifera em redor do Largo da Igreja Velha, desde há muito tempo não têm acesso à tomada de decisões, à organização de eventos, à participação activa e integrada na sociedade, têm-se afastado ao longo dos anos (não de maneira geográfica) da ágora da pólis. Se bem que actualmente as coisas já não se passam bem assim, devido a várias razões tais como o cada vez maior afastamento temporal do Estado Novo, que trouxe uma maior democratização do ensino que permitiu que todos pudessem aceder à Educação que fez com que as novas gerações abrissem os olhos e abrissem a mentalidade. Claro que a redução do número de Padres também contribuíu para isso. Antigamente quase que se tinha que prestar vassalagem a uma família que tivesse um padre. E o tempo do feudalismo já acabou na idade média apesar do terem prolongado após isso. Mas isso é outro assunto. Dizia eu que não percebia os critérios de atribuição da chave. Lembro-me desde miúdo que quando ia ter catequese e o catequista não trazia a chave, lá ia um de nós a casa de pessoas particulares (os senhores feudais) buscar a tão necessária chave para termos a nossa bendita lição no Salão! Só faltava preencher um requerimento com dias de antecedência para levantar a chave no dia pretendido. E para organizar uma festa no Salão para angariar fundos para uma causa? Isso é que era o cabo dos trabalhos. Se eras filho de X bastava dizeres "abre-te Sésamo" e o Salão abria como uma mulher deprimida, carente que não faz sexo há 3 anos. Se eras filho de Y que não era bem visto por Z, X e J que tinham a chave, estavas bem amarrado! Tinhas que falar com o Padre, explicar porque é que às vezes faltavas à missa e dizer tim tim por tim tim os objectivos da festa, o porquê, e assegurá-lo de que não haveria mulheres nuas, cavalos e anões! Como é possível o Salão não ser de toda a comunidade? Bastava deixarem a chave num sítio público que estivesse aberto 10 horas por dia, quem levantasse a chave deixava os dados pessoais (e a razão de necessitar do Salão) e voltaria a entregá-la com o edifício intacto, tal como se faz para alugar um filme!

Ps: Os escuteiros do Seixo também receberam uma carta anónima, parece que é uma praga, começa a ser necessário chamar o CSI, não sei é se o Horatio terá paciência para aturar intrigas entre as comadres zangadas. Os anónimos "andem" aí.

Ps: Considero minimamente pertinente andarem a contar quantos padres existiram no Seixo, é muito giro, a malta gosta de ver quem era filho de quem, quem deixou de ser, etc. E fazer um levantamento histórico das razões que levaram a destruir a Igreja Velha do Seixo? (Um património que a existir hoje, seria de uma riqueza cultural, arquitectónica, arqueológica e turística de dimensões quase inimagináveis para a nossa terra!) Águas passadas não movem moinhos? Não, não!!!!! Era pertinente saber quem foram os atrasados mentais que tomaram a decisão de pôr abaixo a Igreja em vez de a restaurar, de a requalificar.

2 comentários:

Anónimo disse...

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ!!!é de dormir de pé este blog

Pé grande disse...

a realidade circundante é assim... Mas deves calçar um 47...