sábado, 25 de abril de 2009

Salazar, a desmistificação do demónio (I)




Vamos lá desmistificar crenças aldrabonas e exorcizar fantasmas. Salazar não era o Estado Novo. Até porque nos últimos 5 anos já era Marcelo Caetano o 1º Ministro. Salazar deixou de ter o controlo absoluto da PIDE, logo muitas atrocidades que se fizeram no Estado Novo não são da responsabilidade de Salazar. Não se esqueçam também que se o Estado Novo era uma ditadura, não era uma ditadura como a maioria das outra baseadas num chefe militar e de culto da personalidade (com veneração da imagem do líder), tal como Cuba, Espanha de Franco, Coréia do Norte, Alemanha Nazi ou a Itália de Mussolini. Salazar era um homem da vida Académica, não um ditadorzito militar da América do Sul. Alguns dos grandes defeitos do Estado Novo foram a fraca aposta num grande sistema de ensino, na Educação (estudos revelam que investir na Educação não é sinónimo de desenvolviemento socioeconómico), o arrastar da guerra de Ultramar (não esquecer que os outros países como França, Bélgica, Inglaterra estavam destroçados da II Guerra e por isso inicializaram mais rapidamente o processo de descolonização porque não tinham capacidade de manter guerra com as colónia). Portugal não tinha participado na II Guerra, estava forte e de saúde e como tinha investido tanto na modernização das colónias (Angola era a Alemanha de África) custava despegar-se assim sem mais nem menos das suas propriedades, não esquecer que Portugal não chegou a perder a Guerra com as Ex-Colónias. Outro defeito como é óbvio foi a falta de liberdade de expressão, de imprensa, e das mortes e torturas causadas pela PIDE. O conservadorismo exagerado da sociedade também era um defeito mas talvez hoje faça falta. Olhando para esses defeitos e para os defeitos do regime actual, é-se tentado a desejar voltar aos tempos da outra Senhora. O 25 de Abril foi algo de importante, foi pena o rumo e os caminhos que se seguiram a seguir a essa data, que acabou por destruir todos os sonhos e ideais para o país que essas gerações desejavam. Reparem que começou logo mal, se o Golpe tinha sido dado pelas forças armadas, por humildes capitães, entre os quais Salgueiro Maia, porque raio se cedeu às pressões de Marcelo de Caetano de dar a chefia a Spínola para que "o poder não caísse na rua"? Marcelo Caetano não tinha que impor nada e Spínola também não tinha que se armar em líder dum movimento em que nem tocou na borracha. As coisas começaram logo mal aí (a maneira como se fez a descolonização, pós-25 de Abril sem tirar contrapartidas,foi uma bosta), um artista, o Spínola aproveitou-se tipo abutre dum poder que devia ter ido primeiro para um Grupo de Capitães e depois, através de eleições, esse poder deveria ter ido para o Povo. Os abutres começaram logo a atacar aí.

1 comentário:

RJ disse...

O Portugal de Salazar era um país pequenino e de brandos costumes, rural e beato. A educação num estado fascista é a primeira coisa a por de lado, enquanto se dá ao povo coisas com que se distrair.

As pessoas tinham emprego mas ganhavam mal e tinham poucas condições. Por causa de uma teimosia colonial levou-nos para uma guerra praticamente perdida desde o início e que custou a vida a muita gente. Os que não podiam escapar iam, os outros ou se safavam com o curso universitário ou com a emigração.

O culto de personalidade era mais moderado, mas não deixava de ser ridículo, entre salmos e orações e manifs de agradecimento.

O grande problema depois do 25 Abril foi a instabilidade política e a tentativa dos sectores mais radicais de colocar as mãos no poder, entre spínola, PC e FP-25, com os americanos e a crise da Nato a meterem-se.