terça-feira, 28 de setembro de 2010

O estranho caso de Tomás Bacelo - 1

Muito se tem falado deste caso e dá a ideia de que nem a opinião pública, nem a imprensa o compreendeu muito bem.
Antes de mais não sou o advogado do Programa Novas Oportunidades, mas também não compactuo com a ligeireza informativa com que trataram o caso de Tomás Bacelo. Não o conheço, mas de certeza que não merece que se trate tão mal o caso dele. Veja-se os factos:

- Frequentou o Secundário. (Não sei até que ano mas pelo menos sabe-se que andou no 10º, no 11º ou no 12º), isso é um facto.
- Não conseguiu fazer a cadeira de matemática, logo não foi daqueles corbadolas que vão para letras para não terem matemática, é muito chata, dizem.
- Inscreveu-se num Centro de Novas Oportunidades em Esposende, frequentou dois módulos (Saberes Fundamentais e Gestão) e conseguiu equivalência ao 12.º ano. (Daqui conclui-se que estava no 12º ano, pois se fez apenas dois módulos é porque tinha apenas uma ou duas cadeiras por fazer, e fê-lo ao abrigo do decreto de lei 357/2007, logo era um rapaz que tinha quase o 12º ano feito.)
- Fez o exame de inglês e o exame de biologia tendo obtido 20 e 7.4 valores respectivamente.
- A ideia dele era concorrer para o curso Biologia, mas a negativa tirou-lhe as hipóteses. Entrou no curso Tradução na Universidade de Aveiro.
- Foi o aluno a entrar no ensino superior com a maior classificação. Só contou a nota do exame de inglês, enquanto quem faz o 12º pela via convencional também tem a pesar, as notas das aulas do 10º, 11º e 12º. 
- Entrou no contingente normal, concorreu às mesmas vagas que os vindo do ensino convencional.

Num país em que é possível ingressar no ensino superior, apenas com o 9º ano (ainda que concorrendo a umas vagas especiais, para maiores de 23 anos) não vejo qual é o celeuma. Tomás Bocelo tinha quase o 12º e acabou por concluí-lo.
Teve 20 valores no exame nacional de inglês, coisa que vi pouca imprensa a enaltecer. Eu percebo pouco de inglês. Não tenho orgulho nem tenho vergonha. Apenas tive 15 a inglês no final do 11º ano e já aprendi mais do que na altura. Quando vejo o inglês de Sócrates, sinto que não estou tão mal. Lula da Silva também não fala inglês. Apesar dos maiores pensadores de educação e formação de adultos serem de língua inglesa, há muita literatura espanhola e outra já traduzida.
(cont)

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