segunda-feira, 29 de março de 2010

O Seixo antigo, perspectiva de um anónimo.


"O Seixo antigo"

Só focarei dois pontos neste meu comentário:

. As famílias chamadas dominantes ou donas do Seixo, conseguiram destacar-se, não porque sejam mais competentes (leia-se inteligentes) do que os outros, mas porque os outros, espezinhados pelos poderes da igreja ou político, ou "terra tenentes" locais, cheios de arrogância se deixaram marginalizar ou se, inteligentemente, se automarginalizaram.
Analisemos os "poderes" a meu ver, todos questionáveis:

a) a igreja local,sempre esteve e continua a estar, baseada no poder que o divino, ou seja o bispo lhe conferia/confere;

b) o político, à sombra da mesma igreja;

c) os "terra tenentes" que não eram, não são donos de mais do que umas pobres "leiras"de terra, só são ricos aos olhos de quem nada possuia/possui.
Na maior parte dos casos, eles, os "importantes" não passam de medíocres que deram medíocres à sociedade. Afinal, esses importantes reinam entre si, à vez, à vez, julgando-se donos de um espaço que que não é seu. Onde está o seu mérito?

. Relativamente à demolição da IGREJA VELHA, penso que é um assunto que devia ser investigado, estudado a fundo. Se o templo era propriedade da diocese, só ao bispado diz respeito. Dir-me-á o leitor "mas foi o POVO quem pagou!" Tem muita razão o leitor. Mas estará o POVO consciente que quando dá o seu suor para construir/adquirir obras cujo proprietário é a Igreja, sujeita-se a não ter direito sobre elas? A não ser que, lucidamente, se argumente que o POVO, não tendo sido informado desta realidade, foi enganado. Logo, a propriedade é sua, logo comunitária, logo todos os seixenses lá têm uma parte. Assunto de DIREITO, que pelo DIREITO devia ser tratado.
A César o que é de César; a Deus o que é de Deus. E não me consta que Deus seja proprietário de bens terrenos.


Tendo os bens móveis da IGREJA VELHA ido parar a casas particulares, é urgente que se saiba quem são, e em que condições isso foi feito. Se vendido, por quanto e por quem e para onde foi o dinheiro; se roubado, proceda-se judicialmente e "chame-se aos bois pelos nomes".

Retirado do comentário de um anónimo do post "O seixo antigo".

7 comentários:

Anónimo disse...

Demolição da Igreja Velha!...
Onde estavam os que vêm para aqui clamar, sem sentido da história? Ou onde estavam os seus pais ou, pelo menos, seus avós, quando o acontecimento se deu?
Por que não contestaram, então, não fizeram manifestações contra, greves de fome, ou não se deitaram à alcance das suas paredes para serem esmagados por elas caso alguns malucos teimosos as tentassem pôr abaixo?
Faltou-lhes a coragem? É pena!
Teriam, no mínimo, hoje uma estátua a lembrar ou a sua auto-imolação por uma causa pública ou a sua coragem vitoriosa evitadora de tão grande desgraça.

Anónimo disse...

Se calhar muito dos que andam para aqui a largar bites-bytaites nem sequer ainda eram nascidos quando se deu a demolição da Igreja Velha. Mas gostam de arrotar postas de pescada e, sem ‘com licença` sequer, aí vai disto!
Pois o autor de “O Seixo Antigo, perspectiva de um anónimo” que não espere que os outros façam a investigação. Seja corajoso, faça-a ele mesmo e publique os resultados!
Pela presumível idade, não terão a mínima noção do que era o Seixo até aos anos 70 do século passado. Dá a impressão de que pensam que havia no Seixo a classe senhorial e a dos servos da gleba, quer dizer povo. A verdade é que não. Tanto os detentores de mais terra e riqueza como os de menos ou nenhuma trabalhavam até à exaustão, sendo até os primeiros, quase sempre os mais sacrificados. As refeições eram parecidas em todas as casas e, onde o pão era mais abundante, muitas vezes, se repartia com as famílias onde ele escasseava. As famílias consideradas ricas eram, muitas vezes, aquelas que socialmente se apresentavam pior: mais sujos, rotos, com tamancos ou descalços, mais escravizados pelo trabalho do que os outros…
Se alguma pretensão tinham não era a de mandar nos outros, mas sim a de aferrolhar riqueza à custa de muito suor.
Quanto à Igreja Velha, com certeza que todos gostaríamos de a ver ainda de pé.
Em todo o caso não se pode esquecer que era uma construção feita de adobes, em mau estado de conservação, pela idade e pelas tropelias que, após a inauguração da Igreja nova, o abandono e a falta de respeito de muitos noctívagos lhe ocasionavam: retrete no exterior e até no interior e outros actos (não seriam coisas relacionadas com as drogas de hoje, excepto alguma bebedeira) indignos daquele espaço.
O povo estava cansado de tanta contribuição monetária para a construção da Igreja Nova. A vida estava tão difícil que a única saída era quase a emigração. As despesas com as obras necessárias à conservação da Igreja Velha quem as pagaria? Haveria muitos, como tantos ainda hoje - e por vezes são dos que mais gritam para se fazerem ouvir mas que nem com um cêntimo contribuem para as obras da comunidade – que achavam que restaurar a Igreja Velha não tinha nada a ver com eles. Por isso, tanto lhes fazia que ela caísse por si mesma como que a pusessem abaixo.
Quanto aos bens da Igreja Velha, tudo o que foi imagens, paramentos e outras alfaias litúrgicas foram levados em procissão pública para a Igreja Nova de cujo património passaram a fazer parte.
Além das paredes, ficou a talha dourada, um relógio de parede que foi vendido e uma tela pintada pelo mesmo autor do projecto inicial da Igreja Nova.
A talha dourada não houve sensibilidade para a preservar. Deve ter acabado ardida em qualquer lareira.
Em conclusão: todos teremos pena de a Igreja Velha já não existir fisicamente.
Há coisas que se fazem num tempo e não se fariam noutro.
É de muito má fé pensar que alguém quis demolir a Igreja Velha para se enriquecer com os seus bens ou para afirmar o seu poderio sobre outros.
Em boa verdade, pode dizer-se que foi toda a comunidade que o fez e, por isso, todos tiveram culpa no cartório.

seixomirense disse...

Tenha calma senhor anónimo! Não precisa de colocar o comentário duas vezes no mesmo post. O facto de várias vezes clicar nervosamente para aparecer o comentário, denota uma intranquila e ávida vontade de gritar (tal como diz) e defender os terra-tenentes (admito que gostei da expressão do outro anónimo). Claro que pode colocar o mesmo comentário em posts diferentes, mas não tem lá muita graça colocar o mesmo comentário, duas vezes no mesmo post.
E já não é a primeira vez (sim, já lhe apanhei o padrão de comportamento e de pensamento.)

Sabe, neste blog, ao contrário de outros sites e blogs em que está habituado comentar, o seu comentário é aceite praticamente de forma instantânea, (pode demorar alguns segundos, tenha calma, controle-se), não está exposto à censura e ao crivo de quem quer perpetuar o seu mesquinho poder.

Anónimo disse...

Não compreendo de onde é que aquele anónimo com carapuça retirou a ideia de que não há por aqui quem tenha vivido antes dos anos 70. Terá este anónimo a presunção de achar que é o único da idade dele que é instruído para vir à net?
É exactamente este tipo de pensamento presunçoso que graçava pelo Seixo nos anos 50, e é a partir desta maneira de estar que se vê logo que é um discurso cheio de mentiras e linquintinas.
Essa de dizer que os que detinham mais terra eram os que trabalhavam mais, só pode ser para rir.
Vivia-se quase um período de feudalismo.
Se andavam mais sujos e mais rotos é porque os pobres nem tinham roupa para ser rota ou suja. Poupe-me com essa mentira, que ainda pode haver juventudes mais incauta que pode acreditar.

Os meus pais não fizeram greve de fome para impedir a demolição da igreja porque trabalhavam tanto que não tinham tempo para essas preocupações (sabiam lá o que era pela gente pobre que degreve de fome), deixavam isso para os ricos decidirem, que pelos vistos decidiram que foi uma coisa esperta.
TENHA RESPEITO pela gente pobre que cegamente deu tudo aquilo que pôde para a construção da Igreja Nova.
Mandar nos outros era tão bom, não era?
Mas agora não é assim.
Tenha vergonha e sentido de História.

Anónimo disse...

É feio discriminar a partir das quantidades de donativos para obras da comunidade que cada um dá. Para mais quando essas obras não são realmente para toda a comunidade.
Muito feio.
O pensamento feudal ainda está muito difundido, pelos vistos.

Anónimo disse...

A talha se calhar teve o mesmo destino dos pinheiros caídos com o vento.

Anónimo disse...

Só faltava dizer que quem mijava à porta da igreja eram os pobres sem leiras de terra.

Devem ser os mesmos que partiram a fonte da Barroca.