terça-feira, 30 de março de 2010

Seixo Antigo, perspectiva de um (qualifiquem-no vocês.)


"Se calhar muito dos que andam para aqui a largar bites-bytaites nem sequer ainda eram nascidos quando se deu a demolição da Igreja Velha. Mas gostam de arrotar postas de pescada e, sem ‘com licença` sequer, aí vai disto!
Pois o autor de “O Seixo Antigo, perspectiva de um anónimo” que não espere que os outros façam a investigação. Seja corajoso, faça-a ele mesmo e publique os resultados!
Pela presumível idade, não terão a mínima noção do que era o Seixo até aos anos 70 do século passado. Dá a impressão de que pensam que havia no Seixo a classe senhorial e a dos servos da gleba, quer dizer povo. A verdade é que não. Tanto os detentores de mais terra e riqueza como os de menos ou nenhuma trabalhavam até à exaustão, sendo até os primeiros, quase sempre os mais sacrificados. As refeições eram parecidas em todas as casas e, onde o pão era mais abundante, muitas vezes, se repartia com as famílias onde ele escasseava. As famílias consideradas ricas eram, muitas vezes, aquelas que socialmente se apresentavam pior: mais sujos, rotos, com tamancos ou descalços, mais escravizados pelo trabalho do que os outros…
Se alguma pretensão tinham não era a de mandar nos outros, mas sim a de aferrolhar riqueza à custa de muito suor.
Quanto à Igreja Velha, com certeza que todos gostaríamos de a ver ainda de pé.
Em todo o caso não se pode esquecer que era uma construção feita de adobes, em mau estado de conservação, pela idade e pelas tropelias que, após a inauguração da Igreja nova, o abandono e a falta de respeito de muitos noctívagos lhe ocasionavam: retrete no exterior e até no interior e outros actos (não seriam coisas relacionadas com as drogas de hoje, excepto alguma bebedeira) indignos daquele espaço.
O povo estava cansado de tanta contribuição monetária para a construção da Igreja Nova. A vida estava tão difícil que a única saída era quase a emigração. As despesas com as obras necessárias à conservação da Igreja Velha quem as pagaria? Haveria muitos, como tantos ainda hoje - e por vezes são dos que mais gritam para se fazerem ouvir mas que nem com um cêntimo contribuem para as obras da comunidade – que achavam que restaurar a Igreja Velha não tinha nada a ver com eles. Por isso, tanto lhes fazia que ela caísse por si mesma como que a pusessem abaixo.
Quanto aos bens da Igreja Velha, tudo o que foi imagens, paramentos e outras alfaias litúrgicas foram levados em procissão pública para a Igreja Nova de cujo património passaram a fazer parte.
Além das paredes, ficou a talha dourada, um relógio de parede que foi vendido e uma tela pintada pelo mesmo autor do projecto inicial da Igreja Nova.
A talha dourada não houve sensibilidade para a preservar. Deve ter acabado ardida em qualquer lareira.
Em conclusão: todos teremos pena de a Igreja Velha já não existir fisicamente.
Há coisas que se fazem num tempo e não se fariam noutro.
É de muito má fé pensar que alguém quis demolir a Igreja Velha para se enriquecer com os seus bens ou para afirmar o seu poderio sobre outros.
Em boa verdade, pode dizer-se que foi toda a comunidade que o fez e, por isso, todos tiveram culpa no cartório."

2 comentários:

Anónimo disse...

Com um post destes cada vez me convenço mais que se plantava muito cânhamo no seixo nestas épocas...

Será que anda tudo drogado? é que só pode...

Anónimo disse...

Já está feita uma primeira qualificação: perspectiva dum drogado alucinado.