terça-feira, 16 de março de 2010

O Seixo antigo


Da leitura de alguma literatura sobre a história do Seixo o que se pode concluir?
Padres, Padres, Padres, Padres e mais Padres. Padres até "agomitar". Se tenho alguma coisa contra padres???? Zero! Só que para mim, são tão dignos do meu respeito como um carpinteiro, um, agricultor, um solicitador, um rabino ou um almocreve! E é ai que não me diluo na subserviência, na vassalagem que outros lhes prestam ou prestaram. A páginas tantas numa obra qualquer pode ler-se: "Além do fervor cristão das famílias, cuja maior honra e ambição era ter um filho padre..."

Vamos lá desmistificar este dogma que muito contribuiu para que tantas famílias se subjugassem ao pseudo-prestígio e alegado poder de outras castas do Seixo que ao longo de gerações e garações açambarcaram o poder social e não só, desta linda terra, tomando-o para si , vedando-o, espezinhando quem se opusesse no caminho, liderando à custa da ignorância dos outros. Vejamos:
- Os Padres também são pecadores (esta não é novidade mas há malta que se esquece).
- Padres de todo o mundo já estiveram envolvidos em "problemazitos" de índole sexual (acontece em qualquer profissão e estrato social).
- Existiram párocos no Seixo que tinham mau feitio e tratavam de modo diferenciado os fiéis.
- Celibato?! Está bem abelha. No entanto sei que há uns que cumprem mesmo. E nem sou contra terem a sua escapadela, mas lá está, também não os ponho num pedestal.
- Sabe-se que há casos de Padres portugueses que eram informadores da PIDE.

Como é que os padres se tornam padres? Depois de frequentarem o Seminário. Quem paga o Seminário? A Igreja. Quem oferece contribuições à Igreja? Os fiéis.
Então vamos lá ver:
Por altura da construção da Igreja Nova (1947-1956) existiam 20 a 30 seminaristas. Quem ia para seminarista? O filho do pobre que quase nem ia à escola? O rapaz que até tinha jeito para o estudo, mas que um tal de Professor Raul nem lhe punha as vistas em cima? Não. Deixemo-nos de rodeios. Quem ia para o seminário eram os F´dalgos que não queriam canga. Iam à escola, tomavam noção que era durito trabalhar na agricultura e toca de ir estudar para o seminário. Até podiam ser burros c'ma tamancos, mas eram filhos dalgum ministro. E depois logo se via se seriam padres ou não. E o Zé Povinho ficava na labuta do campo a enviar ovos, batatas, carne, para os meninos estudarem enquanto os seus filhos largavam a pele na terra. Depois lá vinham eles nas férias "pisar as calçadas" e passear, cheios de papo, enquanto os pecantes que até poderiam dar alguma coisa nos estudos andavam a regar o milho (por não terem oportunidade).

E nos últimos 30 anos foi o opróbrio às claras. Dezenas de jovens provenientes de famílias mais abastadas largaram-se para o seminário (muitos deles nunca tendo chegado a padres), aliviando as contas financeiras dos pais que assim viam o prestígio da família aumentar, ao mesmo tempo que tinham o filho a estudar às custas do ingênuo povo. Os outros? Os outros não eram incentivados para seminários, nem chegavam a saber que era possível estudar. Aos que tinham vontade, restava aos pais gastarem dinheiro nos seus estudos.

A Igreja antiga:
Durou 99 anos. Até que uns artistas (para os grandes feitos, os "grandes" nomes aparecem sempre em grande plano, no entanto para os que tomaram a decisão de a demolir ninguém encontra os nomes), em 1965 resolveram deitá-la abaixo. Pode-se ler algures que o património da Igreja terminou obscuramente em casas particulares. Onde é que já vi isso? Casas particulares...hum. Sei para que casas não foram.

Ainda li algures alguém a desculpar-se assim: "Pena que ainda não tivesse decorrido o concílio Vaticano II que, com a Constituição sobre a Liturgia, viria a permitir novos conceitos, mais consentâneos com a modernidade, sobre o espaço das celebrações litúrgicas e sobre a manutenção e restauro dos velhos templos".
O que é que a decisão do Vaticano em passar a rezar as missas na língua nativa, em vez do obsoleto Latim tem a ver com a preservação da Igreja Velha?? E para os mais desatentos, o Concílio Vaticano II iniciou-se em 1961 e a Igreja Velha foi sacrificada em 1965.

Desculpas para um crime de lesa-património!!!!!!

Um dia, os descendentes de quem a pôs abaixo, ainda vão ser glorificados quando colocarem no Largo um monumento evocativo da Igreja.
(cont).

15 comentários:

Anónimo disse...

Com desassombro, mais um grande post.

Anónimo disse...

Boa, de facto assim é (foi).
Mais uma vez história da historia...

Celibato? Não me gozem! Tinhamos nomes como o Paulo do Padre e até Luís do padre, o zé do Padre, o manel etc etc... (todos acolhidos plo sr padre, tao amigo do povo...e as famosas "irmãs" do padre lembram-se? Aquelas senhoras q o auxiliavam zz zzz zzz)

Pobreza (valor dou aos franciscanos e seu voto de pobreza)agora estes ... gordos q nem chibos (sem ofensa aos ditos), e o povo a alombar e a inchar com os lombos e umas galinhas.

Honra (epa... deixa me cá conter)
Então quem eram os bufos-mor das terrinhas durante os anos que medeiam entre 1933 e 1974?)

E podíamos continuar, mas seriamos chamados de ultras, terroriats ou algo do género. E não valer a pena.
O Seixo tem q abrir a pestana, é incomportável para uma sociedade viver tantos anos sob o jugo da igreja e dos seus seguidores... sempre para os mesmos. sempre para o mesmo lado. BASTA!

Religião sim, Igreja epá... porra!

Anónimo disse...

Na sua ânsia de ter um mundo à sua medida, é, por vezes, muito anquilosada e reduzida a maneira de ver as pessoas, as coisas e os acontecimentos do seixomirense. Oxalá não seja nenhum complexo de inferioridade que o perturba. Agora omnisciente e corajoso – como em certa altura deu a entender - pois só a omnipresença lhe era impossível! - também não é! Porque se o fosse, com certeza, não exigia de outros - que também não são omniscientes – o que ele próprio não faz, e escarrapachava aqui o nome dos “camartelos” que cometeram tal indignidade. Mas, enfim, também há que saber ler nas entrelinhas e nos contextos. Não se deve dar tudo de mão beijada! E como é vulgar dizer-se: “aceitam-se críticas mas, sobretudo, aceita-se quem faça ou tente fazer melhor”.
Mãos à obra, que teremos muito gosto em ver o que daí sai!
E como manda uma das obras de misericórdia que corrijamos uns aos outros as nossas ignorâncias, deve fazer, a propósito da citação, uma releitura mais atenta da mesma, para depois comentar. É que fala-se lá em «manutenção e restauro dos velhos templos». E também seria bom – para não largar só postas de pescada - que lesse integralmente a ‘Constituição sobre a Sagrada Liturgia` para ver que o Concílio não falou, neste aspecto, só de missas em latim ou vernáculo.
E ainda: o Concílio decorreu, exactamente, entre 11 de Outubro de 1962 – não 1961, como diz o seixomirense – e 8 de Dezembro de 1965. E foi nesta data que o papa publicou o Breve Pontifício de encerramento do mesmo, cuja aplicação ficou ainda sujeita a normas e outros condicionantes que, só a partir daqui, passariam a produzir oficialmente efeito.
Nesta data, a Igreja Velha já só existia na memória!

Anónimo disse...

E tu?!... Pressuposto que tenhas alguns estudos, talvez uma matrícula num curso superior e a frequência e diploma de outro, quantos anos andaste para o conseguir?
Foste um estudante certinho, que concluiu o seu curso sem nunca reprovar, poupando assim alguns impostos ao erário público?
Tiveste, se calhar, subsídios ou bolsas do estado que outros nunca conseguiram. Pensamos nós de que!...
Foram só os teus pobres pais que pagaram os teus estudos? Creio bem que não! Pois há muitos cidadãos a descontar, tantas vezes para quem não o merecia!...

Anónimo disse...

Estás cada vez melhor e cada vez me deixas mais surpreendida. Não sei que indignidade fala o outro anónimo. Seixomirense, deixa os que sempre subjugaram o Seixo, continuarem a sua magnífica obra.
E continuas com razão, o concílio foi convocado ainda em 1961. Não te ponhas é a ler a constituição sobre a sagrada liturgia, não deves papar tudo o que o Vaticano diz. Tenta resistir comentar as tua habilitações académicas, deixa-os invejá-las, andaram F´dalgos, como tu dizes, anos e anos a chular os pais, a comunidade e o estado para tirar uma reles licenciatura, e hoje arrastam-se pelas imediações da Igreja do Seixo, enaquanto tu tiraste um curso a trabalhar. Eles q engulam.

Anónimo disse...

Quem deveria fazer um livro eras tu. Eu ofereço-me para te fazer a encadernação. Material não te falta.Ah, esqueci-me não estás nos círculos certos.

Anónimo disse...

Tanta carapuça que está a servir.

Anónimo disse...

Pró anónimO surpreendidA!
Ó rapaz-mulher ou mulher-rapaz, vê lá se decides na tua identidade.
E aprende a ler.

Anónimo disse...

Ó rapaz rapariga, não contradigas a verdade da história.
O Concílio foi entre 1962 e 1965.
A convocação de uma reunião ou Concílio não é a reunião nem o Concílio. Assim como, por exemplo, um jogo de futebol, embora calendarizado ou convocado, só se realiza quando decorre com os jogadores e os árbritos no relvado.
Entendido? Não seja lerdo-lerda.

Anónimo disse...

"sobre a manutenção e restauro dos velhos templos".
O que é que a decisão do Vaticano em passar a rezar as missas na língua nativa, em vez do obsoleto Latim tem a ver com a preservação da Igreja Velha?? E para os mais desatentos, o Concílo Vaticano II iniciou-se em 1961 e a Igreja Velha foi sacrificada em 1965."

Anónimo disse...

Até fico des'almada.
Peçam aos blogers para colocarem a opção anónimo ou anónima. Não vou estar aqui a discutir datas. A Igreja não foi abaixo por causa do nsílio do Vaticano. Areia para os olhos.

Anónimo disse...

Absolutamente de acordo. Não foi abaixo por causa do Concílio - é assim que se escreve! - e, lendo bem o contexto da citação, nota-se que também os autores lamentam que a demolição tenha acontecido. Sem dúvida sob a responsabilidade máxima do pároco de então. Embora nos devamos deixar de "ses", talvez uns anitos mais tarde isso não tivesse acontecido como, se fosse possivelmente hoje, com a vossa ajuda, tal não acontecesse.
Quanto a padres e outros formados, não há dúvida que são uma mais valia para a nossa terra. Ninguém tem culpa de nascer quando e onde nasceu. Ou terá? Se as condições políticas e sociais fossem hoje as mesmas do antes revolução de Abril, onde é que havia a ´enxovia` de diplomas de curso superiores que há hoje no Seixo?
Se os há, é porque se é herdeiro de condições criadas por aqueles que nasceram antes de cerca de 60 e que, na sua maioria, infelizmente nem sequer sabiam assinar o seu nome. Mas a sua honradez, o seu árduo trabalho, as sua poupanças e os seus impostos sempre os levaram a querer o melhor para os seus filhos. E estes tentavam corresponder, pois, se chumbassem muito, voltavam para o cabo da enxada para saber como elas mordiam. Seremos dignos desse esforço e dos impostos que actualmente se gastam com a educação, sobretudo a superior? É que ninguém é o que é só às suas custas, porque "eu sou eu e as minhas circunstâncias".

Anónimo disse...

«Ainda li algures alguém a desculpar-se assim: "Pena que ainda não tivesse decorrido o concílio Vaticano II que, com a Constituição sobre a Liturgia, viria a permitir novos conceitos, mais consentâneos com a modernidade, sobre o espaço das celebrações litúrgicas e sobre a manutenção e restauro dos velhos templos".»
Ficamos contentes de que o seixomirense leia a nossa obra, mas, na sua leitura apressada, não deve tirar conclusões que não correspondem à verdade.
Do que o é que os autores da citação têm culpa para deverem desculpar-se? Foram eles que mandaram pôr abaixo a Igreja Velha ou tiveram alguma interferência nisso?
Em 1965, o co-autor do Seixo tinha apenas 19 anos, o que na altura nem sequer era maioridade. Como os pais e os avós do seixomirense, nem sequer ele ou sua família seixense foi ouvido, visto ou achado sobre o assunto.
A co-autora não era do Seixo e, em 1965, nem sequer sabia que o Seixo existia e muito menos conhecia aquele com quem veio a casar.
Por isso, talvez não ficasse mal ao seixomirense um pedidozinho de desculpa, em abono da verdade dos factos.
Meio-anónimos: Os co-autores

Anónimo disse...

"O Seixo antigo"

Só focarei dois pontos neste meu comentário:

. As famílias chamadas dominantes ou donas do Seixo, conseguiram destacar-se, não porque sejam mais competentes (leia-se inteligentes) do que os outros, mas porque os outros, espezinhados pelos poderes da igreja ou político, ou "terra tenentes" locais, cheios de arrogância,se deixaram marginalizar ou se, inteligentemente,se automarginalizaram.
Analisemos os "poderes" a meu ver, todos questionáveis:

a) a igreja local,sempre esteve e continua a estar, baseada no poder que o divino, ou seja o bispo lhe conferia/confere;

b)o político, à sombra da mesma igreja;

c)os "terra tenentes" que não eram, não são donos de mais do que umas pobres leiras de terra,só ricos aos olhos de quem nada possuia/possui.
Na maior parte dos casos,eles, os "importantes" não passam de mediocres que deram medíocres à sociedade.Afinal, esses importantes reinam entre si,à vez,à vez,julgando-se donos de um espaço que que não é seu.Onde está o seu mérito?

. Relativamente à demolição da IGREJA VELHA, penso que é um assunto que devia ser investigado, estudado a fundo. Se o templo era propriedade da diocese,só ao bispado diz respeito. Dir-me-á o leitor "mas foi o POVO quem pagou!" Tem muita razão o leitor. Mas estará o POVO consciente que quando dá o seu suor para construir/adquirir obras cujo proprietário é a igreja, sujeita-se a não ter direito sobre elas?A não ser que, lucidamente, se argumente que o POVO, não tendo sido informado desta realidade, foi enganado.Logo, a propriedade é sua, logo comunitária,logo todos os seixenses lá têm uma parte. Assunto de DIREITO, que pelo DIREITO devia ser tratado.
A Cézar o que é de Cézar; a Deus o que é de Deus. E não me consta que Deus seja proprietário de bens terrenos.


Tendo os bens móveis da IGREJA VELHA ido parar a casas particulares, é urgente que se saiba quem são, e em que condições isso foi feito. Se vendido, por quanto e por quem e para onde foi o dinheiro; se roubado, proceda-se judicialmente e "chame-se aos bois pelos nomes".

Anónimo disse...

Se calhar muito dos que andam para aqui a largar bites-bytaites nem sequer ainda eram nascidos quando se deu a demolição da Igreja Velha. Mas gostam de arrotar postas de pescada e, sem ‘com licença` sequer, aí vai disto!
Pois o autor de “O Seixo Antigo, perspectiva de um anónimo” que não espere que os outros façam a investigação. Seja corajoso, faça-a ele mesmo e publique os resultados!
Pela presumível idade, não terão a mínima noção do que era o Seixo até aos anos 70 do século passado. Dá a impressão de que pensam que havia no Seixo a classe senhorial e a dos servos da gleba, quer dizer povo. A verdade é que não. Tanto os detentores de mais terra e riqueza como os de menos ou nenhuma trabalhavam até à exaustão, sendo até os primeiros, quase sempre os mais sacrificados. As refeições eram parecidas em todas as casas e, onde o pão era mais abundante, muitas vezes, se repartia com as famílias onde ele escasseava. As famílias consideradas ricas eram, muitas vezes, aquelas que socialmente se apresentavam pior: mais sujos, rotos, com tamancos ou descalços, mais escravizados pelo trabalho do que os outros…
Se alguma pretensão tinham não era a de mandar nos outros, mas sim a de aferrolhar riqueza à custa de muito suor.
Quanto à Igreja Velha, com certeza que todos gostaríamos de a ver ainda de pé.
Em todo o caso não se pode esquecer que era uma construção feita de adobes, em mau estado de conservação, pela idade e pelas tropelias que, após a inauguração da Igreja nova, o abandono e a falta de respeito de muitos noctívagos lhe ocasionavam: retrete no exterior e até no interior e outros actos (não seriam coisas relacionadas com as drogas de hoje, excepto alguma bebedeira) indignos daquele espaço.
O povo estava cansado de tanta contribuição monetária para a construção da Igreja Nova. A vida estava tão difícil que a única saída era quase a emigração. As despesas com as obras necessárias à conservação da Igreja Velha quem as pagaria? Haveria muitos, como tantos ainda hoje - e por vezes são dos que mais gritam para se fazerem ouvir mas que nem com um cêntimo contribuem para as obras da comunidade – que achavam que restaurar a Igreja Velha não tinha nada a ver com eles. Por isso, tanto lhes fazia que ela caísse por si mesma como que a pusessem abaixo.
Quanto aos bens da Igreja Velha, tudo o que foi imagens, paramentos e outras alfaias litúrgicas foram levados em procissão pública para a Igreja Nova de cujo património passaram a fazer parte.
Além das paredes, ficou a talha dourada, um relógio de parede que foi vendido e uma tela pintada pelo mesmo autor do projecto inicial da Igreja Nova.
A talha dourada não houve sensibilidade para a preservar. Deve ter acabado ardida em qualquer lareira.
Em conclusão: todos teremos pena de a Igreja Velha já não existir fisicamente.
Há coisas que se fazem num tempo e não se fariam noutro.
É de muito má fé pensar que alguém quis demolir a Igreja Velha para se enriquecer com os seus bens ou para afirmar o seu poderio sobre outros.
Em boa verdade, pode dizer-se que foi toda a comunidade que o fez e, por isso, todos tiveram culpa no cartório.