segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Benfica-Porto



Foi há 15 dias, já lá vai e não voltava lá nos próximos 3 meses, mesmo na similar circunstância de possuir um bilhete de oferta. Frio, filas de automóvel na Segunda Circular, chuva, caminhar tipo sardinha em lata, ver um jogo mediano, perder uma tarde e noite de Domingo, ver um golo, não ter onde estacionar, pagar 24 euros de portagem mais 26 de gasóleo (se não fosse a dividir por mais que uma pessoa, mais valia atirar-me "pra vala"), mais 10 euros em comida (fast-food) e chegar já depois das 2 horas da manhã a casa, não é para fazer semanalmente.

Já o disse, não sou dos parolos que embarcam e acreditam que é chique e recheado de intelectualidade não gostar de futebol. É um espectáculo como os outros. Aliás, o futebol é tão relevante no mundo cultural como qualquer outra actividade lúdica.

Fizeram-me a proposta no trabalho, na noite antes do famigerado jogo. Custou convencerem-me mas lá acedi.
Foi um dos fins-de-semana mais frios do final do ano passado. 4º ou 5º logo de tarde, ainda por cima a chover. Guarda-chuvas não entram. Duas horas antes do jogo o percurso de carro entre o aeroporto e o centro comercial Colombo (porque raio foram dar o nome dum sujeito que só o José Rodrigues dos Santos acredita que é português?) é um calvário. Aliás até já chove dentro do Colombo.
Antes ainda deu para ver aquelas portagens da CREL a facturar, se cada um deixar ali no mínimo 5 euritos naquelas cabines não sei como é que conseguem manter aqueles postos de trabalho a cobrar portagens. É melhor pôr o chip no automóvel e despedir aquela gente toda, senão vão à falência, "tadinhos".
Estacionar é uma aventura. Os reboques paracem abutres à espera que "os tansos da província" estacionem nas bermas da Segunda Circular.
O frio era duro, a sorte é que aquilo tinha uma sala antes de entrar mesmo na bancada. Deu para ficar ali ao quentinho até 15 minutos antes do jogo que não há paciência para ouvir o speaker a pedir dinamismo ao público 2 horas antes. Debaixo do tecto do estádio cai sempre uns pingos, não somos nenhuns fidalgos.
Do Benfica esperava-se pouco. Mas o SLB até pressionou alto, à Benfica. Nunca vi o Porto tão resignado e apático. Visto ao vivo, o Saviola confirma que é craque, o Carlos Martins sabe mexer na bola, o David Luíz é um inconformado. O Hulk é um camarada que anda por lá (a coisa não lhe saíu bem). Na segunda parte o jogo morreu, o Benfica estava-se nas tintas, o Porto estava assustado e o Lucílio Baptista parava aquilo por tudo e por nada.
Sempre frio a cortar... O jogo acabou e deu-se aquilo dentro do túnel que não há paciência para ler nos jornais.
Há uns sujeitos do Benfica que passam 90 minutos atrás do banco adversário a importuná-los e apupá-los. Será que vêem a bola? Os Super-Dragões tal como outras claques, são uma espécie de bichedo. Não duvido que haja ali gente com família, com responsabilidade e com emprego (ou desempregado activo na mudança de situação), que aproveita aqueles momentos para fazer como que uma catarse da sua semanada, mas há ali gente que se passasse ali uma G3 a varrer aquilo, não faziam lá muita falta. Como é que há gente que faz todos os fins-de-semana aquelas macacadas?

Mesmo 15 minutos depois de acabar o jogo, para sair do estádio é preciso andar tudo enlatado, tipo ao quentinho, sempre com chuva a cair. Parar em estações de serviço nem pensar (Super Dragões à vista), a viagem faz-se já de madrugada, numa auto-estrada (não é má) com centenas de carro a circular mesmo a horas tardias. Faz pensar, que é que essa gente que chega às 3 horas, faz à Segunda-feira de manhã?

60 mil pessoas, mais de 0.5% da população portuguesa concentrada naquele estádio, ao frio e a pagar. Tanta gente a fazer-se à estrada. Não são professores descontentes com o modelo de avaliação. É gente que define como prioridade ir ver a bola, com sacrifício. Intrigante. Uma boa questão para António Barreto e Boaventura de Sousa Santos se debruçarem.

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