terça-feira, 31 de maio de 2011

Novas Oportunidades

Muito se tem falado no últimos dias sobre o Programa Novas Oportunidades, uns condenando Passos Coelho ao mesmo tempo que glorificam Sócrates por dar a possibilidade de 500 mil portugueses se terem qualificado. Algumas considerações telegráficas:
1) Em Portugal ainda há mentalidade de que não existe (ou não deveria existir) aprendizagem ao longo da vida, quanto mais aprendizagem formal para adultos. Frases como:
-Tu ainda andas a estudar?
ou
-A tua mãe anda estudar à noite para quê?
são frases que espelham a realidade do país (principalmente o país rural)!
2) Há quem veja o estudo como um frete ("trabalhas nisso, então andaste a estudar para quê?") e não como uma componente do nosso harmonioso desenvolvimento pessoal.
3) As Novas Oportunidades vieram sensibilizar a população para a importância do "estudar" na nossa qualidade de vida! Muitos pais passaram a acompanhar mais a progressão escolar dos filhos!
4) As NO trazem justiça social, se bem que garanto que só 20% da população com menos 35 anos que não chegou sequer ao 9º ano, é que não estudou mais porque não pôde! Muita malta preferiu ir ganhar dinheiro para as calças Levis, para ter All Stars e comprar a motorizada. As pessoas com mais de 35 anos, aí sim, não estudaram porque não lhes deram oportunidades!
5) Passos Coelho não chamou ignorante às pessoas, apenas considera que não se aprende muito nalguns processos, o que não é mentira. A máquina do PS é que deturpa tudo!
6) Não foi Sócrates que inventou as NO, é um conceito que existe há muitos anos, mas foi ele que criou este monstro de massificação, de qualificar pessoas à pressão. Se os Centros de Novas Oportunidades têm metas a cumprir, caso contrário fecham, se têm que qualificar x pessoas por ano, obviamente que a qualidade e exigência do que se aprende baixa.
7) A malta que se vangloria que fez o 12º ano na escola convencional e que acha que sabe mais, ponha a mão na consciência e admita que se acha que os outros são ignorantes, no ensino obrigatório também se aprende pouco:

"Se sabe contar até 8 já não tinha negativa no teste de Físico-Química

Será razoável que um aluno do 9.º ano tenha, apenas, de saber contar até 8 para ter nota máxima numa pergunta de um teste?
Saber contar até oito era mais do que suficiente para obter a classificação máxima numa pergunta do teste intermédio de Físico-Química realizado este mês nas escolas.
A abrir o Caderno 2 - Grupo 5 da prova elaborada pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) do Ministério da Educação surgia a seguinte pergunta: "O sistema solar é constituído pelo Sol e pelos corpos celestes que orbitam à sua volta. Atualmente, considera-se que os planetas que fazem parte do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Em 2006, Plutão deixou de ser classificado como um planeta, embora continue a fazer parte do sistema solar. Atualmente, considera-se que o sistema solar é constituído por quantos planetas?"
A pergunta está a deixar os professores perplexos, relançando debate sobre o facilitismo no sistema de ensino, mas há mais.
No Caderno 1 - Grupo 1 da polémica prova, os alunos teriam de saber que a água, a 100 graus centígrados, entra em ebulição em vez de solidificar.
Realizados pela primeira vez no ano lectivo de 2005/2006, os testes intermédios "têm como principais finalidades permitir a cada professor aferir o desempenho dos seus alunos por referência a padrões de âmbito nacional, ajudar os alunos a uma melhor consciencialização da progressão da sua aprendizagem e, complementarmente, contribuir para a sua progressiva familiarização com instrumentos de avaliação externa", informa o Gave no seu site.
Mas para o colunista do "Jornal de Notícias ", Manuel António Pina, distinguido este ano com o prémio Camões, "com testes destes, visando aferir o desempenho dos alunos 'por referência a padrões de âmbito nacional' lá se vão o 'direito ao sucesso' desses alunos e a sua rápida entrada no mercado do desemprego"."

E tanto há para dizer ainda!



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