Medina Carreira e Mário Crespo I

Na entrevista, Medina Carreira começa por dizer que se Cavaco estivesse a dizer que pudesse fazer algo mais que oferecer solidariedade àqueles desempregados, estaria a ser mentiroso. Com este sistema político ele não consegue fazer nada. Eu penso que pode. Mas era preciso mexer em muita coisa e ele não tem coragem.

Se tivéssemos escolas que ensinassem, tribunais que julgassem, políticos que não fossem corruptos, burocracia mais aceitável, isto estaria bem diferente. Tivemos 3 décadas para resolver isto, estas questões de fundo, mas nunca se resolveram porque o país está ao serviço dos partidos políticos. E os partidos não têm interesse em resolver estes problemas de fundo. Porque os partidos vivem das sondagens, têm uma clientela, PS e PSD são uns bancos alimentares. Estes partidos têm que viver da manjedoura estadual. Não se faz nada a longo prazo.
A economia entre 2000/2010 cresceu ao mesmo nível da economia de 1900/1910. É da economia que vem o dinheiro para se poder implantar medidas sérias. Os tempos de maior crescimento da economia foram 1940/1970, porque será? O país tem-se endividado à razão de 48 milhões de euro por dia. Acham que mesmo com este nível de endividamento o povo, o país está a viver bem?

A casa da música no Porto, a ponte da Europa de Coimbra, o centro cultural de Belém, tudo custa duas a três vezes mais do que o projectado. Houve gente que ficou com o dinheiro. Não há um político, um homem da bola, um homem dos negócios e dos bancos que vá para a cadeia. É o caso Portucale, submarinos, pinheiros, Freeport, sobreiros, Setúbal. Ao fim de uns dias nos jornais tudo se esquece. Ficar com o dinheiro dinheiro alheio é não ser parvo. Ser parvo é quem não se apodera de dinheiros públicos. Alguém investe num país em que o sistema judicial pode demorar 20 anos a resolver um processo?