


Porque na aldeia pessoas com estas características são colocadas de parte, marginalizadas, mal-olhadas, excluídas socialmente por um tipo de pessoas que ainda vivem um espírito feudal da idade média, de pouca tolerância, da inquisição, de caça às bruxas, de pouca abertura a padrões que divergem do considerado tradicional. Muitas vezes são pessoas ficam pela aldeia em busca do compadrio e do empregozito da cunha, ou então têm espírito pouco aventureiro. Então as colocadas de parte recorrem ao êxodo rural. É por isso que numa aldeia perguntam para quê é que uma família quis adoptar uma criança e na cidade perguntam porque ainda não tinham pensado mais cedo em tornar o mundo melhor? É por isso que na aldeia perguntam para que é que uma adulto está a estudar à noite e na cidade perguntam porque é que não tinha agarrado a oportunidade mais cedo. É por isso que na minha terra perguntam se ainda estou a estudar e se vou casar e aqui em Coimbra perguntam (como quem quer descobrir a poção mágica) como consigo fazer as mesmas cadeiras que os outros e ainda trabalhar 5,6,7,8 ou às vezes 9 horas por dia (obviamente nubca digo como). Como se consegue intervir nas aulas e ao mesmo tempo aturar alguns atrasados mentais já de madrugada. Eu topo os aventureiros e pouco acomodados ao longe: quando sei que não são de Coimbra e reparo que ficam muitos fim de semanas seguidos sem ir à aldeia. É assim que se explica que sempre que vou ver o Benfica a Lisboa e vou à casa de banho do Colombo há sempre um gajo a espreitar o meu urinol para ter uma noção do tamanho das coisas, porque esse tipo de pessoas abundam em Lisboa. Mas atenção não estou a dizer que as aldeias são más, até têm uma qualidade de vida superior e assim como há a esperteza saloia, também existe a esperteza urbana que por vezes é mais parola. Não se esqueçam que os lisboetas que se referem aos outros como provincianos são aqueles cujos antepassados ou eles próprios foram para as cidades e eram enganadinhos e gozados pelos que já lá viviam. Mas dá gosto entrar em qualquer sítio numa cidade e não ter já um pré-rótulo, não sendo vítima de preconceitos ou de estereótipos patéticos.
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