quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Presidente, mas pouco!


Portanto, o Governo está a espiar a Presidência da República! Gravíssimo! Que fazer? Há várias alternativas para um presidente espiado. Denunciar o Governo espião e dar-lhe um ralhete exemplar em público (nunca no "Público") utilizando uma comunicação nacional na TV como o fez com irrepreensível dramatismo e inigualável teatralidade com o estatuto dos Açores. Desta vez, teria de incluir a demissão do Parlamento e a convocação de novas eleições. O caso não seria para menos. Um governo a usar serviços secretos do Estado para espiar outro órgão de soberania exige demissões e eleições. Mas não. O presidente da República, o mais alto magistrado da nação, o comandante em Chefe das Forças Armadas, sabe que está a ser espiado. Tem a certeza disso porque, da sua doutrina passada ficou o axioma de que "raramente se engana e nunca tem dúvidas". Estando a ser espiado qual é a actuação realmente presidencial para este caso? Exigir do procurador-geral da República uma investigação imediata? Convocar o Conselho de Estado (já com a respeitabilidade recuperada desde a saída de Dias Loureiro)? Fazer uma comunicação ao Parlamento como é seu privilégio e, neste caso, obrigação? Nada disso! A Presidência de Cavaco Silva, através da sua Casa Civil, decide encomendar (mandar fazer, in: Dicionário Porto Editora) uma reportagem a um jornal de um amigo.

Como os jornalistas são por vezes um bocado vagos e de compreensão lenta, a Casa Civil da Presidência da República achou por bem ser específica na encomenda dando um briefing claro a pessoa de confiança no jornal. "Vais falar com fulano e pergunta-lhe por sicrano, vais aqui, vais ali, fazes isto e aquilo e trazes a demasia de volta". O homem ainda tentou cumprir com a incumbência, mas a coisa não tinha pés nem cabeça e parece que lhe disseram isso repetidamente.

Cavaco Silva deve ter tido uma birra monumental com a sua Casa Civil e mandou perguntar ao amigo do jornal: "Sócrates está quase a ser reeleito e essa notícia não sai"? Como o que tem de ser tem muita força, a história lá saiu. Mal-amanhada, mas era o que se podia arranjar. Lá se meteu a Madeira no meio porque, como ninguém gosta do Jardim, gera-se logo um capital de boa vontade. Depois, como tinha pouca substância, puseram na mesma página duas colunas ao lado a dizer que, há uns anos, o procurador-geral da República tinha dito que também estava a ser escutado, e a encomenda ficou mais composta. Que interessa que tudo isto seja bizarramente inverosímil? Nos média, o que parece, é. Cavaco Silva julga que está a ser escutado, portanto, está a ser escutado, tanto mais que o seu recente depoimento presidencial é que "não é ingénuo". Com tudo isto, fica-me uma certeza. O trabalho de reportagem do "Diário de Notícias" é das mais notáveis e consequentes peças jornalísticas na história da Imprensa em Portugal. O e-mail com registos claros da encomenda feita por Fernando Lima não é "correspondência privada" que se deixe passar pudicamente ao lado. É uma infâmia pública de gravidade nacional que exige denúncia.

Invocar aqui delações, divulgação de fontes ou violação de correspondência é desonesto. Ao ver o presidente e a Casa Civil metidos nisto fica-me também uma inquietante dúvida. Aníbal Cavaco Silva, referência do PSD, ainda tem condições para continuar a ser o presidente de Portugal depois de causar uma trapalhada desta magnitude a dias das eleições?

4 comentários:

Anónimo disse...

Desta vez, acertou na mouche. Subscrevo, com sinceridade, 95% do que diz. Aquilo que se passou é inacreditável: então um Presidente desconfia que o andam a espiar, conclui que o "espianço" é feito pelo governo (não, não foram os malandros dos espanhóis...) e ficamos por aqui? Manda-se publicar a notícia? E o pasquim manda investigar, o moço da madeira investiga, não acha nada, diz que é uma tolice, e 17 meses depois publica-se?
Eu realmente só não consigo entender é a razão do PM não ter dramatizado e apresentado a demissão. E a única explicação para tal facto é a de que o PM acha que tem o PR na mão, e que em qualquer altura lhe pode atirar à cara esta história absurda... E, sinceramente, não acho que isso seja assim tão bom...

Anónimo disse...

Eu também não consigo entender esta história! Alguma coisa aqui está muito mal contada!
E acho que ninguém ficou bem na "fotografia"... mas o que podemos nós fazer?
Ah, talvez pensar pela nossa cabeça, e não alinhar no carneirismo da alternância dos partidos do poder... Votar em gente nova com mensagens positivas, tipo MMS ou MEP?
Talvez, mas isso dá trabalho! É que a mão já está treinada para a rosa e para as setas...

Anónimo disse...

Por falar em "espianço"…

Bano – Obrigado, Roca! Sem o teu apoio as coisas ficavam complicadas.

Roca – Pois é, ou..ou..outra vez! O que serias tu sem mim?

Bano – Aqueles cabr… são uns grandes fil.. das mães! Só me andam a chatear com as p…., as prosti….. dessas actas. Já não sei o que fazer com elas, mas descansa que também ninguém vai por os olhos naquelas p….!

Roca – Tem calma, relaxa e pensa! Destrói as actas, depois diz que a junta fo..fo..foi assaltada e tens o..o..o assunto resolvido.

Bano – Maldita a hora em que aquele cowboy pôs aqui os pés. Grande fil.. da mãe!

Roca – A imagem de..de..dele era bastante importante e decisiva pa..pa..para ganhar as eleições. Se ele estivesse do..do nosso lado, isto já estava ga..ganho outra vez. Mas falando de coisas mais importantes. Como é que estão a decorrer as..as obras?

Bano – Que obras?

Roca – As obras de manutenção das valas de drenagem e companhia.

Bano – Já deu umas boas melancias, mas as da ponte é que foram grandes. Falei com o boss e acertámos tudo! o resto ele não precisa de saber. Por algum motivo estou nos papéis! Por quê as obras vão todas lá parar!?!

Roca – A..a..ainda bem. Nunca estive tã..tã..tão bem recheado como nos últimos 4 anos.

Bano – A quem o dizes!

Roca – Como é qu..qu..que justificas?

Bano – Para que serve o Zé Carxo a trabalhar para a junta? assina de olhos fechados, sem ler! Ele faz um pouco, assina tudo e o resto já sabes.

Roca – Bem jogado! mu..mu..muito bem jogado! Temos que dar o litro para ficar mais 4 anos, a bem ou a mal!!!

Bano – Mas olha que os irmãos “camari” já andam desconfiados, acham pouco!

Roca – É fácil. Vais co..co..com eles até ao “BETO” beber umas mi..mi..minis e deixa-os falar. As mi..mi..minis servem de anestesia e no dia a seguir já nã..nã..não se lembram de na..na..nada. Por falar em mi..mi..minis, vamos até ao nosso frigi do armazém mamar umas para ver se se..se..serve de anestesia a esta prosa.

Bano – Se os irmãos “camari” e o gu tiverem deixado alguma!!!


É assim que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

VIVA OS DONOS DO SEIXO!!!

Anónimo disse...

Ganda malucos!
Ganda Roca!
Ganda Bano!
Ganda "Camari's"!

Á "c'an danados"!
Assim é que o seixo vê a banda a passar. É com estas e outras que os 4 anos já lá vão! Passaram depressa, não foi?!

Mas o povo... esse continua à espera!