segunda-feira, 7 de setembro de 2009

As Jotas



Existem pessoas sérias nas jotas e nos partidos? Não duvido! Pena é serem tão poucos. Por exemplo, o Paulo Rangel não parece ser mau de todo, mas já ninguém ouve falar dele, foi para a Europa. No entanto a qualquer momento se o PSD ganhar pode voltar para ser ministro de qualquer coisa. E lá se vai a seriedade, apregoa que quer ajudar Portugal indo para o Parlamento Europeu mas se surgir a oportunidade de voltar como ministro, parece uma seta.

Vejamos o que trata por exemplo a Juventude Socialista: "organização composta por jovens que se dizem insatisfeitos com o mundo em que vivem que defende uma sociedade livre de injustiças, desigualdades e de pobreza, que saiba respeitar e ser tolerante com as diferenças". Do resto que li só me faz lembrar os anseios da Carolina Patrocínio ou os desejos das candidatas a Miss Universo.

Estes movimentos de jovens não têm muito original, recorde-se que o Estado Novo também tinha a Mocidade Portuguesa "que tinha como fins, estimular o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria, no sentimento da ordem, no gosto da disciplina, no culto dos deveres morais, cívicos e militares."

A diferença é que a juventude de Salazar era mesmo para jovens e estas jotas são para trintões. A do Estado Novo era obrigada a assimilar valores e a disciplinar-se, estas gostam de sonhar que irão implementar ideais e valores.

A Juventude Partidária como instância participativa da mobilização política precisa ser repaginada. Um jovem que chegue hoje a um partido político por via das jotas entra numa secção e encontra imediatamente um mundo de conflitos internos em que as partes o vão tentar recrutar. No início há jovens inocentes que esperam vir a fazer política, mas vai imediatamente para um longo e duro confronto entre uma ou outra lista para delegados a um congresso, para a presidência de uma secção, para uma assembleia distrital, em que os que já lá estão coleccionaram uma soma de ódios. Ele entra para um mundo de confrontação pelos lugares, que se torna imediatamente obsessivo. Não se fala doutra coisa, não se faz outra coisa do que procurar “protagonismo” e “espaço político”.

Se se deixa levar, ou pior, se tem apetência para este tipo de vida, passa a ter uma sucessão de reuniões e começa a pertencer a uma qualquer tribo, herdando os conflitos dos dirigentes dessa urbe e participando nos negócios de lugares e promessas e expectativas de carreira. Não lhe custa muito perceber que neste meio circulam várias possibilidades de ter funções cujo estatuto, salário e poder são muito maiores e com menos dificuldades do que se tiver que competir no mercado do trabalho, e tiver que melhorar as suas qualificações com estudos e cursos mais árduos. Por via partidária, ele acede à possibilidade de ser muita coisa, presidente de junta, assessor, entrar para uma empresa municipalizada, ir para os lugares do Estado que as estruturas partidárias consideram seus como sejam as administrações regionais de saúde, escolares, da segurança social. E por aí fora...

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