sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cavaco Silva, és um artista! Viva a PIDE!







Posso dizer isto dum Presidente da República? Não! Mas ele é? É! Então se é, deixem-me em paz. Conheço uma pessoa com quem lido no dia-a-dia que me ensinou: flores dão-se em vida, deve-se cuidar das pessoas em vida, depois delas mortas já não tem tanta importância levar-lhes flores.
Depois das declarações miserabilistas de Cavaco no outro dia em que disse qualquer coisa do género: "eu e a minha mulher já quando éramos apenas professores, não púnhamos as nossas poupanças debaixo do colchão, nem no estrangeiro, depositámos o dinheiro em 4 bancos portugueses entre os quais o BPN e perdemos muito dinheiro!" e depois de ter escolhido um gajo para o Conselho de Estado que não vale nada, lembrou-se de condecorar no dia 10 de Junho o Salgueiro Maia. Então o atrasado mental nem sequer pediu desculpas póstumas ao Homem ou à família Maia? É preciso explicar quem é o Salgueiro Maia? O mais lídimo dos capitães de Abril? Aquele que entrou no Quartel do Carmo em 74 para falar com Marcelo Caetano e negociar a sua rendição, sujeito a levar um balázio lá dentro? Aquele que se não fosse ele o Cavaco hoje não era Presidente de nada? Aquele que tirou o poder a ditadores para o dar ao povo?

Em 1988 Salgueiro Maia pediu uma pensão por "por serviços excepcionais e relevantes". Nada de mais, anda aí tanta MERDA a receber dinheiro, porque é que o grande Capitão não deveria receber? Cavaco Silva era o Primeiro Ministro e recusou-se a atribuir-lhe essa pensão!!Esta recusa só viria a ser conhecida três anos depois, quando o executivo de Cavaco concedeu a mesma pensão a dois inspectores da extinta PIDE/DGS, António Augusto Bernardo e Óscar Cardoso. Bernardo foi o último chefe da delegação da DGS em Cabo Verde, enquanto Cardoso foi um dos pides que se entrincheiraram na sede da rua António Maria Cardoso e que fizeram fogo sobre uma pequena multidão, tendo causado os únicos quatro mortos da revolução.

Esta é a mítica frase que ele proferiu em Santarém antes de arrancarem para Lisboa: "Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui."

Salgueiro Maia morreu em abril de 1992 com 47 anos (um puto), vítima de um cancro que o consumiu em 3 anos. Será que a pensão se tivesse dada em vida, não teria tido uma morte ainda mais digna?

1 comentário:

João Luís Pinho disse...

De facto assim foi...
Ó nosso PR deveria ter tido mais algum polimento nestas questões. Creio mesmo que por ele nunca teria havido condecoração para o Salgueiro Maia, mas o cargo que ocupa de Presidente obriga o a tomar certas atitudes em bem da Nação.
O PR é da direita, de uma direita que ainda não esqueceu certos tiques de um passado não muito distante. O Salgueiro representava oposto, fruto de uma geração castigada e oprimida por um Estado fascista, onde tudo lhes foi negado. Até a liberdade de pensar e actuar teve que ser conquistada a pulso e a força... de quem? do Povo, representado por este Homem Salgueiro Maia.

A nossa história mais recente não é contada na escola, muitos dos intervenientes ainda andam por aí. Alguns com pouca vergonha daquilo que fizeram.
Desde O Roca Casaca, assassino de Humberto delgado, passando por esses que condecoram pides e outros canalhas do género, muito trampa ainda subsiste... O 25 de Abril já passou, mas estou certo que ainda temos gente a viver no 24.