



Serão as jotas uma praga de mediocridade e incompetência que torna ainda mais sombrio o já de si pouco animador futuro da política portuguesa? Talvez não tanto, mas não duvido que deveria haver uma mudança. É preciso renovar.
Renovar é trazer para a política pessoas com vida e profissão, que tenham conhecido dificuldades, desilusões, derrotas, perdas, que sejam mais de carne do que de plástico. Há cada vez menos gente assim na política, à medida que nos partidos as jotas funcionam como incubadoras de carreiras semiprofissionais e profissionais de política (como é que a filha de Almeida Santos foi trabalhar para o palácio de Belém há uns anos?). Elas implicam quase sempre baixa qualificação profissional, cursos de segunda, pouca experiência profissional e vidas que rapidamente acedem a regalias e empregos rendosos de pouco trabalho que separam os que as recebem do comum dos cidadãos e dos seus companheiros de geração. Quem entra para assessor numa autarquia, ou para deputado, sem ter tido profissão, tende a ficar preso pela sua falta de qualificações e saída profissional. Os aparelhos partidários estão cheios de gente assim, que se submetem a obediências e sindicatos de voto.
Tirando alguns jovens com qualidade e outros intuitos, as jotas são um bando de jovens a querer subir na carreira política, e que para isso, a começa cedo, o que é deprimente. Muitas vezes as jotas são óptimas rampas de lançamento para sonhos mais altos. Mais do que isso, e é irritante é o tipo de discurso das jotas. Assentes numa suposta jovialidade irreverente, a maior parte das vezes parecem boçais e ocos.
São como viveiros de peixes. Tipo o pregado da Pescanova. Entram miúdos e vão crescendo e engordando até chegarem ao poder. Tal como os partidos são bancos alimentares, algumas jotas são agências de emprego. Costumam ser a claque dos partidos. São aqueles que interrompem a Manuela quando ela está para falar em directo (para o telejornal) na rua, gritando PSD, PSD, como se de uma claque de futebol se tratasse. As jotas funcionam como as equipas de reservas dos clubes: já não têm idade para jogar nos juniores, mas também não têm bagagem para jogar na equipa principal, por isso vão rodando e ficando até à chegada quase dos 40 anos para que se arranje um lugar para eles. Vejam a idade dos líderes das jotas. Não há poucos trintões. Donde Veio o Pedro Passos Coelho?
O que se pode fazer? Tem que se requalificar os partidos, atrair gente capaz, porque poucos jovens com qualidade hoje, vão para um partido político (estou a falar mais a nível nacional), a maioria deles vão para tratar da vida!