Nem doutor nem engenheiro, apenas p...

O resultado da sondagem sobre o que é um Doutor foi:
1º Um gajo que apresentou uma tese de doutoramento.
2ºUma pessoa que pede um copo para beber uma Sagres.
Alguém que não suja as mãozitas.
4º Um gajo que tirou um curso mas não sei bem qual.
Alguém que é tratado como tal, no café.
O futuro dum doutorando.
Um gajo que bebe Cardhu.
8º Um gajo que tem dinheiro para comer pregos no prato em vez de no pão.
Um médico.
Uma pessoa.
Um militante do PSD ou do PS.

Existem vários tipos de doutores: os doutores Ad-Hoc que se formaram à socapa logo após o 25 de Abril, aproveitando toda aquela balbúrdia; os doutores que tiram o diploma no acto de pedir um copo para beber uma cerveja (quem é doutor não bebe pelo gargalo!); alguém que está metido na política (por isso é que o Jerónimo de Sousa tem dificuldades para que parem de lhe chamar doutor ou engenheiro); alguém que por capricho pede no banco para lhe porem "Dr." antes do nome no cartão de crédito, ou até alguém que se torna vereador ou pertencente aos quadros duma câmara municipal.

Há quem diga que no estrangeiro, e não so nos países anglo-saxónicos o "dr." só é utilizado pelos médicos e nem por todos eles. A maioria refere-se a si exactamente por "médico", não como por cá onde enchem a boca ao dizer doutor. As regras sociais em Portugal, definiram que merecia ter o trato de "dr." quem se licenciasse na área das ciências, sendo que com esse nome só existiam Medicina, Ciências Médicas, Direito e Ciências Jurídico-Criminais. Com as alterações educativas introduzidas em 2001, por algum obscuro interesse político ainda não devidamente esclarecido, passaram a ser designadas ciências muitas outras áreas de formação, e assim temos: Ciências da Informação, da Educação, Ciências e Tecnologias da Saúde e por aí fora. Fazendo uso da regra social, todos estes licenciados querem ser tratados por "drs." sem que a sua formação tenha qualquer relação com a Ciência propriamente dita. Após este estado de total desregulação, vieram todos os licenciados exigir tratamento igual, os licenciados em Gestão, Economia, e todos os alunos que saem de um estabelecimento de ensino superior querem ser tratados com o tal "dr".

A isso adicionaram a agravante do processo de Bolonha. Agora quem estuda 3 anos (3 anos é alguma coisa?) sai com a denominação de Licenciado e quem continuar e fizer os 5 anos torna-se Mestre. Antes um Mestre tinha que fazer uma licenciatura de 5 anos, devendo depois fazer um mestrado de duração de 2 anos onde entregaria uma tese. Um aluno com 3 anos de ensino superior deveria ter apenas um diploma de Bacharel, ponto final. Agora passados 3 anos todos são licenciados e pela parolice bacoca portuguesa passam todos a doutores. Desde assistentes sociais a animadores socio-culturais, passando por licenciados em direito, contabilistas, jornalistas, psicólogos e sociólogos.

Uma coisa é certa, um doutor ou é um médico, (talvez um licenciado em direito também seja) ou é alguém que devido a ter notas altas durante o curso (qualquer curso) concorreu e foi aceite para fazer uma tese de doutoramento, tese essa em que tem 5 anos para proceder à sua investigação para no fim entregar e depois lhe poder ser conferido após aprovação, o grau de Doutor.

Um professor contou no outro dia que um Japonês o acompanhou durante 3 meses aqui em Portugal no seu trabalho. No final, esse japonês estava convencidíssimo que "Doutor" era o nome mais usado em Portugal, tal como "João" ou "Joaquim", ou como "Kim" da Coreia do Norte é o nome mais popular do mundo.
Uma colega de estágio, mestranda, confidenciou que o segurança da empresa onde ela está, a cumprimenta sempre com um reverente: "Olá doutora!".
Um professor perguntou à aluna: "quem é o teu orientador de estágio lá?" . Ela respondeu: "É o eng. fulano tal". A outra professora na sala respondeu: "Mas ele é engenheiro, não sabia?".
O professor responde: "Não é nada, tem o 12º ano, mas as pessoas chamam-no assim há muito tempo, não vá para lá desautorizá-lo!".

Portugal é isto!